O jornalismo online bateu no teto

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Neste final de 2008, chego a uma conclusão: os noticiosos web chegaram ao topo da montanha.

O que significa que, agora, a tarefa é olhar em volta e escolher um pico ainda mais alto para se alcançar. Como fazer isso? Difícil pergunta. Porque, além de ter fincado a bandeira no topo da montanha, o jornalismo online bateu no teto.

É pouco provável que tenhamos alcançado o topo do mundo. O estágio atual dos noticiosos online está mais para K2 – segunda posição, portanto – que Everest.

Mas, ao contrário do que vinha acontecendo de 2002 para cá – quando blogs, vídeos, podcasts, mobile news, distribuição de conteúdo via RSS e a participação do leitor mudaram a cara do jornalismo na web -, a poeira está baixando. Amadurecemos, e isso é bom.

Chegar ao topo significa poder olhar para o lado, ainda que por um instante, e estamos exatamente neste momento de reconhecimento. Para onde ir, afinal, se a convergência de mídias tão falada há dez anos agora é parte da realidade? E se o leitor hoje não só interfere, mas produz notícia, como criar novidades na relação com o público?

Ultimamente, nos estudos que desenvolvo, vejo um natural “correr atrás do rabo”. As tecnologias que conquistamos estão sendo retrabalhadas, lapidadas, divulgadas mais uma vez, mas tudo já se viu antes – um “antes” que remete a “agora há pouco”, mas ainda assim, antes. Todas as tecnologias foram assimiladas pelos leitores em um processo de transferência de conhecimento que entrará para a História.

Para enxergar o que vem por aí, então, a solução não está em olhar para frente, mas entender melhor, sob o ponto de vista da evolução da atividade jornalística, aonde chegamos.

Não é a primeira vez que uma nova mídia assimila recursos à disposição. Aconteceu com o rádio e com a televisão. Ambos aproveitaram ferramentas para incrementar ainda mais sua atividade-fim – a apuração e a produção de notícias. O rádio abraçou a cobertura em tempo real, a televisão criou novos horizontes para a imagem e as ferramentas escolhidas fizeram com que o Jornalismo desse um passo adiante.

Em suma: batemos no teto porque veículos e leitores já aprenderam a usar as novas ferramentas de hoje. O que surge em meio à poeira ainda é o bom e velho Jornalismo, e era assim que esperávamos que acontecesse. Ferramentas existem para serem usadas, nunca para receber mais destaque do que quem as utiliza.

Se a tecnologia não é mais destaque, o que virá agora? [Webinsider]

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Caso você queira me acompanhar no Twitter, anote aí: twitter.com/brunorodrigues.

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Bruno Rodrigues (bruno-rodrigues@uol.com.br) é autor do livro 'Webwriting' e de 'Cartilha de Redação Web', padrão brasileiro de redação online'.

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5 respostas

  1. *Geraldo* e *Kaléu*, já conheço há algum tempo os newsgames, desde que o nyt.com começou utilizar este recurso no início da campanha presidencial americana. Também coloco este recurso na categoria de correr atrás do rabo; é, mais uma vez, a reinvenção do conteúdo utilizando tecnologia. Isso que aponto como chegar ao topo da montanha: seria a utilização destes pequenos gadgets a real função do jornalismo online? Não acho.

    *Daniel*, amigo, como vai? 🙂 Você foi direto ao ponto: a personalização é, com certeza, uma das maneiras de pensar os novos caminhos do jornalismo online. Ou seja, o que vale é raciocinar o que o meio online pode trazer de benefício por suas *próprias características*, e não pelas pequenas tecnologias que fazem sucesso pelo sucesso e caem no esquecimento… Vamos aguardar para checar o que o tempo nos mostrará…

  2. Olá Bruno, concordo em muitos pontos com você, principalmente quando você fala que tudo o que está sendo visto hoje, já se viu antes.

    Mas como o Geraldo, descordo completamente do ter chego ao topo.

    Faço parte de um grupo cujo objetivo é criar uma plataforma jornalística online e temos muitos pontos importantes a serem considerados, a participação do leitor nas grandes mídias ainda é extremamente limitada, muito longe das possibilidades que a internet nos favorece.

    Fiquei muito contente em ver o Geraldo comentando sobre o newsGames. Recenetemente fiz um post sobre um possível cruzamento de conceitos de jornalismo em redes sociais co os jogos RPG e me parece que temos aí um desafio interesante, fazer com que as pessoas se divirtam e desemepenhem papéis de acordo com suas habilidades nos ciberespaços jornalísticos

  3. Como vai, Bruno? Espero que bem.

    Concordo contigo. Parafraseando a música Luís Inácio (300 Picaretas), dos Paralamas do Sucesso, tudo não passa de: variações do mesmo tema sem sair do tom.

    O jornalismo sempre bate nos tetos impostos pelas tecnologias. Assim como, dito por vc, já havia acontecido com o rádio e a tv.

    Na minha opinião, o futuro da comunicação (não só do jornalismo) está na disseminação da informação personalizada. Abandonar, de vez, as mídias de massas. E parar de achar que os veículos de comunicação especializados são formas de personalização, quando no máximo podem ser uma forma de segmentação. Na minha opinião, esse sim é o caminho.

    É isso, meu amigo.
    Um ótimo final de ano para você.
    Abraços.

  4. Caro Bruno,

    longe de ser o paladino de uma nova forma de editar a velha notícia, acho que o jornalismo – editado on-line ou off-line – jamais chegará ao topo da montanha como você sugere…

    Afinal das três principais áreas da Comunicação Social (Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas), o jornalismo tem se pautado, ainda hoje, como o último baluarte do espaço público.

    E, desde o Iluminismo, o jornalismo vem sendo uma das formas narrativas de investigação social mais importante e respeitada ao longo da história.

    Agora, sobre os novos rumos do Jornalismo Online, seria de bom tom conhecer um pouco mais sobre a Teoria do NewsGames – notícia ou acontecimento em tempo real fomatado em suporte de games on-line.

    No artigo Games como emuladores de notícia: uma proposta de modelo de Jornalismo Online, anuncio o nascimento do Jornalismo 4.0, segundo qual, a notícia passa a ser editada também em mídias lúdicas de comunicação.

    Nesse novo paradigma, os gamers jornalistas devem, sobretudo, dominar as velhas e novas ferramentas de captação, edição, redação e de simulação da realidade.

    Afinal, real e virtual são termos semânticos dependendo do lado em que se esteja. Mas, para viver nessa nova realidade, o profissional de comunicação deve ir, sobretudo, além da montanha…

    Eis o link do Blog do NewsGames
    http://blogdonewsgames.blogspot.com/

    Eis o link do artigo da Teoria do NewsGames
    http://www.slideshare.net/seabhra/artigo-games-como-emuladores-de-notcia-198569/

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