Para onde vão os projetos 2.0 nas intranets

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Há em curso dois movimentos colaborativos na sociedade atual.

  • Um tecnológico, o amadurecimento de uma dada tecnologia (internet) que permite a colaboração a distância (muitos para muitos), através de ferramentas 2.0, depois de séculos de ferramentas unidirecionais, também a distância;
  • Um ideológico, que é a prática de trabalho em grupo colaborativo, que surge desde as cavernas, independente de tecnologia que pode fazer uso ou não, de ferramentas para ampliar as fronteiras de determinado espaço fisico. E que o uso de tecnologias colaborativas não nos leva necessariamente à colaboração voluntária, mas abre um amplo leque de uma ação involuntária, que pavimenta a estrada para a voluntária, como veremos adiante.

Depois, é preciso perceber que dentro da implantação de tecnologias 2.0 há a possibilidade de extrairmos dois tipos de colaboração:

  • A colaboração involuntária – cliques, ações como comprar ou baixar programas, atos que você se faz por necessidade ou desejo, mas que contribuem para que o sistema registre suas ações e trace um perfil pessoal e de determinado grupo. É uma novidade no mundo digital em rede, pois tudo que fazemos deixa agora rastros digitais, o que não era possível na Idade Mídia, dos livros, jornal, rádio e tevê. Nesse tipo de colaboração, a partir das ferramentas adequadas, você não gasta tempo para contribuir com o todo, que acontece naturalmente e faz parte da própria ação, do processo;
  • A colaboração voluntária – são ações que você deliberadamente expressa uma opinião, comenta, dá nota, avalia, bloga, wikeia, tagueia, responde a enquetes que dependem basicamente da vontade, da ação voluntária e da motivação, em última instância, para colaborar. Esta você precisa se dedicar um tempo para que possa ocorrer.

Essa percepção conceitual do processo nos ajudará bastante a pensar projetos 2.0 nas intranets das empresas.

Há, assim, três movimentos diferentes de implantação, que podem ser paralelos, ou não, na implantação de intranets 2.0. Vejamos.

Fase 1

Alterar a maneira como pensamos o trabalho; basicamente uma mudança cognitiva, para aceitar a introdução de ferramentas colaborativas involuntárias no processo atual, passando a ter uma nova forma de controle sobre os registros e arquivos de trabalho.

Essa mudança, que consiste em deixar de salvar o resultado do trabalho no meu HD, ou no meu departamento, ou em uma área restrita, mexe com os seguintes sentimentos arraigados na geração que está no mercado de trabalho atualmente: medo de perder poder, vergonha de se expor, corporativismos departamentais, entre outros.

Fase 2

Início de uma nova forma de trabalho, através da implantação gradual de ferramentas 2.0, que permitam se beneficiar da colaboração involuntária, oriundas da internet colaborativa, diretamente no trabalho do dia-a-dia, através da publicação em áreas abertas, eliminando, inclusive, a ideia de que projetos desse tipo levam as pessoas a trabalhar mais.

Não levam, pois como vimos acima, a colaboração involutária é automática. Muda-se apenas a rotina de salvamento dos registros, antes fechadas e agora passam a estar abertas para acesso geral, permitindo também a complementação de dados por quem acessa (comentários, notas, tagueamento, etc) – que com buscas, relevância pelos cliques (como faz o Google), etc, tornam a curto, médio e longo prazo as atividades menos repetitivas, pois se saberá o que o outro fez e eu farei melhor em cima do trabalho já feito e em menos tempo, eliminado mais e mais a burrice coletiva involuntária atual para inteligência coletiva involuntária;

Fase 3

Colaboração plena, voluntária e involuntária, através da colaboração de todos, através de uma mudança de postura. Espera-se que com o tempo e novas práticas da colaboração involuntária diminuam as tarefas repetitivas. Espera-se que com a colaboração involuntária o tempo que se perde, procurando coisas, se reduza e passe a sobrar mais para a aprimoramento das rotinas, da forma que se faz as coisas, dedicando-se mais à inovação e menos para a repetição e duplicação de esforços.

Fica-se estimulado, a partir dessa realidade, a comentar, taguear, blogar, discutir, aprimorar. Isso é facilitado, ainda mais, se houver um reforço da empresa em valorizar, do ponto de vista funcional, quem colabora voluntariamente com o todo. Essa atitude passa a ser estimulada e reconhecida como uma peça importante pela comunidade, bastando o monitoramentos dos  dados extraídos da própria rede (de baixo para cima, via meritocracia), como já é hoje na internet, através de visitas, seguidores, assinaturas de blogs, etc.

A resitência corporativa é considerar que se passará a não ter mais controle, o receio de não saber o que é iniciativa ou desobediência, questões atuais de empresas que querem inovação e agilidade, passando o poder mais e mais para as pontas.

Essas três fases resumem a meta de projetos 2.0 e é para onde as empresas lá fora estão caminhando. Veja o trabalho do Jakob Nielsen, com comentários em português e espanhol.

Nos projetos que estou envolvido nessa área pude perceber que a primeira resistência está justamente em aceitar que a implantação de projetos 2.0 muda a forma de trabalho atual.

Ou seja, quer se implantar a colaboração em rede digital, mas sem mexer na empresa atual de hoje. Um mito!

Que levaria necessariamente a sobrecarregar as pessoas, trabalhando mais e fora do expediente! Se for assim, tem algo fora de foco!

O que se faz, logo de cara, é mudar a forma de trabalho para que não haja repetição, através da mudança dos repositório dos registros digitais, fruto do trabalho do capital intelecutal de cada empregado/colaborador.

Ou seja, um repositório 2.0 anti-redundância e repetição, participativo, e salvo automaticamente.

O que acontece, por falta de informação exata do que virá, pois é novo, é que as pessoas resistem bastante na tentativa de criar atividades que não mudem a forma operacional de trabalho; uma fuga, para manter a empresa do jeito que está, sem a introdução de ferramentas colaborativas, mas criando ações falsas, fakes, fantasiosas para evitar o processo de mudança.

Se a direção da empresa não está firme nesse propósito, esquece! Tem que ter um mega PAI-trocínio!

É muito fácil continuar a defender (com unhas e dentes) que colaborar e trabalhar são coisas diferentes.

(Essa concepção parte de uma visão equivocada do que é conhecimento). Isso deve ser denunciado e duramente combatido na implantação destes projetos 2.0, pois há um forte movimento para ficar nas empresas 1,5, com algumas ideias ou até algumas ferramentas 2.0, mas com uma forma de encarar o trabalho de forma antiga.

Trata-se da mudança da forma de trabalho (do registro em local fechado para aberto) e, em última instância, de gestão da empresa, de um modelo de passagem de um controle da informação mais verticalizado (de cima para baixo) de um mais solto horizontalizado (de baixo para cima) com novas formas de controle, a partir da experiência da web.

Não é, portanto, anarquia, mas um novo tipo de gestão operacional, mais coerente com a atual velocidade do mercado e extraindo tudo de bom que a internet tem trazido para o mundo, gerando mais inovação e valor, em última instância!

(Tudo ficará mais fácil de ser aceito, quando o concorrente começar a implantar a ideia. O problema que você estará atrás dele!)

Assim, projetos 2.0 são um combate frontal à neurose do mundo atual que torna antagônico os termos trabalho e colaboração.

Sugiro todos irmos para o quadro negro agora e escrever todos os dias de manhã:

Não existe diferença entre colaborar e trabalhar!

É preciso, portanto, repensar, redefinir, recolocar o termo co-laboração (trabalhar juntos). (Aliás, o centro de implantação da Intranet 2.0 do HSBC.)

Ou seja, passo 1, pensar de forma diferente o ato em si do trabalho. Hoje, nós eu-laboramos..

Resumindo em outras palavras para não deixar margem de dúvidas: nós somos pagos para produzir registros cognitivos e o resultado desse trabalho não está disponível para toda a organização. Quando está, não permite que quem visite cada um destes registro colabore de forma involuntária, através das novas ferramentas colaborativas 2.0,  clicando e acrescentado relevância.

Ou mesmo de forma voluntária, comentando, dando nota, para tornar cada resultado do trabalho efetivo mais relevante, inovador e preciso. Evitando assim jogar dinheiro (resultado do capital intelectual) pela janela!

Por fim, a introdução de ferramentas colaborativas no processo de trabalho. Muda necessariamente o local de onde salvamos, sem aumentar em um segundo o tempo gasto com isso.

Como disse a Sara na Dataprev: ?Não pode criar problema, mas tem que ser uma solução!?

Ou seja, ao se trabalhar e salvar em lugares públicos corporativos não se está trabalhando mais, mas está se salvando o resultado do nosso trabalho de forma diferente, sem aumentar em nada o tempo atual gasto. Escreva no quadro:

Se um projeto 2.0 aumentar a carga de trabalho das pessoas está com o foco errado;

Ou seja, ao invés de se fazer trabalho dobrado, mais e mais a organização 2.0 evitará repetições. E se dedicará à inovação, colocando as pessoas prontas para chegar à segunda fase, a da colaboração voluntária, justamente do tempo que vai sobrar com o fim do trabalho repetitivo.Espera-se um trabalho mais motivado e usando a mente de forma mais criativa. Conseguiremos? Que dizes? [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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3 respostas

  1. Muito pertinente, a empresa onde trabalho acabou de passar por uma re-estruturação de seus processos internos e em vários pontos da matéria esbarrei em coisas que tem ligação direta com a minha realidade. Com certeza não acredito em trabalho sem colaboração e a nova organização deixou tudo mais acessível a todos e digo uma coisa: Bom para quem realiza um bom trabalho, pois o resultado tornou-se mais público.

    Parabéns pela matéria

  2. Esse artigo está muito bom.
    Poucos querem encarar esse assunto com a densidade devida.
    Muitos querem embarcar nos modismos, sem, contudo, conseguirem efetividade.
    Parabéns ao autor.

  3. Esse artigo está muito bom.
    Poucos querem encarar esse assunto com a densidade devida.
    Muitos querem embarcar nos modismos, se contudo conseguir efetividade.
    Parabéns ao autor.

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