Para pensar no caminho entre escola e trabalho

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A busca de uma educação integral, alinhada ao complexo caldo de motivações que alimenta o homem, precisa sair do discurso e invadir a prática. O grande desafio da educação de base reside na busca do homem que evolui no campo do conhecimento, no social, no físico e no cultural.

A educação corporativa, se não tem sido salvação, é o recurso hoje disponível para empresas que precisam, junto com ações de reconhecimento e recompensa, cativar e reter talentos.

O assédio sobre colaboradores eficientes amplia quando há a crise de qualificação, que se evidencia sempre quando a aceleração econômica e a migração entre classes ganha velocidade maior que o desenvolvimento das pessoas. No campo dos talentos, a lei da oferta e da procura é tão ou mais cruel que nas relações de consumo.

A formação cognitiva, focada na informação teórica e prática, colocada à prova em baterias de testes com pouca ou nenhuma contextualização real, apenas amplia a distância. A falta de atenção à inteligência social, levada ao extremo, rascunha alguma explicação para ações como as em que professores são espancados por alunos em plena faculdade ou as de grupos de jovens classe média-alta, que vão às ruas com o único propósito de agredir.

O equilíbrio corpo e mente também ficou a desejar na educação desenvolvida até hoje. Obesidade e doenças cardiovasculares são detectadas em idades cada vez menores, ao passo que a cultura torna-se cada vez mais superficial.

Desenvolvendo esse raciocínio outras vezes, me deparei com crenças como:

– A culpa é da propaganda.

Acredito que, da mesma forma que não há propaganda boa que salve um produto ruim, quando a educação é boa, o senso crítico se amplia, ajudando inclusive na separação dos projetos corretos e sustentáveis de marketing dos cantos irresponsáveis das sereias.

A educação corporativa, focada tanto em treinamento quanto em desenvolvimento pessoal, é hoje ferramenta de grande utilidade social. Afinal, o despertar de valores positivos que deveria acontecer durante a formação de base, de tanto ser delegado para quem estava à frente, acabou chegando à empresa, que já há alguns anos arca com diversos ônus, inclusive alguns dos deixados pela desagregação da família, berço da referência ética e de consciência social.

Quando a família delegou esse compromisso, sobrecarregou a escola. A escola por sua vez – seja por razões políticas ou sociais – foi “passando o compromisso de ano”, empurrando pra frente a necessidade de despertar do indivíduo.

Como professor universitário, em aulas de ética profissional, constatei situações que comprovaram isso. Em um dos conteúdos, perguntava aos alunos “para quem eles trabalhariam, como futuros profissionais”. Para vários, a resposta estava no gatilho:

– Para quem pagar mais.

Hora de respirar fundo, contar até dez e tentar iniciar a desconstrução de alguns potenciais pistoleiros de aluguel, cuja referência profissional era medida apenas pela moeda dinheiro.

Nesse “efeito Tostines”, onde causa e efeito se confundem, minha convicção como profissional com vivência tanto em comunicação, quanto em educação e treinamento, é óbvia até: o sucesso do projeto humano começa e se perpetua na educação.

Mas não acredito numa solução do tipo “marcha a ré”, com a empresa lavando mãos para problemas de formação que deveriam ser sanados lá atrás. Acredito numa via de mão dupla: um ensino fundamental, médio e superior apostando na formação integral do indivíduo, preparando-o para a vida em empresa, seja a dele mesmo ou a de outros empreendedores. Para tanto seria necessário reduzir a distância empresa-escola, que na concepção de muitos educadores, ainda causa ojeriza.

A empresa, por sua vez, junto com seu papel comercial e econômico, também precisa assumir seu papel educacional, dando continuidade ao desenvolvimento social, cultural, físico e cognitivo iniciado pela escola através de programas de treinamento e desenvolvimento continuados, preparando o colaborador não só para o exercício técnico da sua função, mas também para as próximas etapas de sua vida.

Educação é palavra de ordem, se o país quiser avançar nos próximos anos, que as projeções demográficas apontam como sendo os de maior população economicamente ativa da nossa história. Seja da escola para a empresa, seja da empresa para a escola. [Webinsider]

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Eduardo Zugaib (falecom at eduardozugaib.com.br) é profissional de comunicação, escritor e palestrante motivacional. Sócio-diretor da Z/Training - Treinamento e Desenvolvimento.

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2 respostas

  1. O texto mostra que infelizmente o que se vivencia no mercado de trabalho vem de berço. Estamos na era do TER, onde o dinheiro é valorizado em excesso. Em todas as áreas isso ocorre, pública ou privada,trabalhar onde “pagar” mais.O problema surge pelo “preço” que pagam por isso. Colaboradores frustrados e depressivos ludibriados pelo dinheiro que ganham e status que possuem, seguem aumentando os altos índices de consumo de drogas e antidepressivos.Famílias seguem sem estrutura, onde muitas vezes os pais envaidecidos com seus recursos financeiros, não percebem os caminhos que os filhos estão trilhando e quando algo grave acontece dizem apenas que “não sabem como isso aconteceu”, pois ele TINHA TUDO. O TUDo não contém algo que não custa dinheiro, como atenção, amor e carinho.
    Acredito que a solução não virá a médio prazo, mas que chegará o momento de confronto dos valores éticos perante a sociedade. Quando cada um cumprir o seu papel, Família, Escola e Empresa,a Sociedade SERÁ mais digna.

  2. Ótimas colocações Eduardo. O profissional atual, principalmente os mais jovens como eu (22) buscam hoje o que o mercado oferece, DINHEIRO.

    Muitos da minha idade dizem que poderiam até trabalhar num inferno de empresa se fosse BEM remunerado. Essa mentalidade deve mudar e muito rápido, mas, para que isso aconteça a mudança como você bem disse deve iniciar lá atrás com a família, passando por escola/universidade e chegando ao mercado.

    Cada um tem que assumir a sua parcela de responsabilidade nessa questão, os pais devem se aproximar de seus filhos e criar um novo padrão positivo de família, os governos estadual/federal devem dar condições e recursos para escolas educarem, os educadores necessitam sair da zona de conforto e realmente adaptar o ensinar para a atual geração como muitos já vem fazendo e as empresas devem contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária dando oportunidades de qualificação para seus funcionários e ajudando inclusive a comunidade.

    O que eu escrevi nesse último parágrafo beira a utopia, no entanto, devemos acreditar que dá pra mudar esse quadro, pois se o caminho continuar o mesmo, em breve deveremos mudar “na marra”.

    Obrigado pela contribuição.
    Borghi

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