O leilão inverso do mercado de trabalho

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Quanto vale o seu trabalho? E o conhecimento adquirido por meio de estudos e da prática ao longo dos anos? A resposta é: cada vez menos.

Essa é uma realidade ingrata e pouco agradável de relatar, mas ainda assim é a verdade. E uma parte da culpa desse panorama desfavorável é nossa.

Sou estrategista web e escritor, no entanto essa análise vale para a maioria dos profissionais. Aliás, a ideia desse artigo surgiu após algumas conversas entre um amigo jornalista, nossas esposas fonoaudiólogas e eu.

Primeiros passos

Quando iniciei a minha carreira, nos primeiros anos da década passada, aceitava fazer alguns projetos por valores menores, com prazos apertadíssimos ou mesmo com condições de trabalho inadequadas.

Entretanto, o meu nível de conhecimento ainda precisava aumentar e para isso, essa prática era essencial.

Creio que não cometi nenhum pecado grave, pois todos os principiantes precisam passar por essa etapa para fazer portfolio, aprender e se firmar no mercado.

Por isso a importância dos estágios e dos projetos aprendizes junto as empresas. E para quem já começou a carreira como freelancer, como eu, as parcerias com profissionais mais experientes.

São como os treinos antes da competição oficial.

Equilíbrio profissional

Conforme evolui e me especializei, esse perfil mudou totalmente. Passei a selecionar melhor os projetos, cobrar segundo a qualidade e o retorno oferecidos. E mantenho essa postura até hoje, com algum sacrifício, admito.

Atualmente, mais da metade dos contatos e prospects colocam em primeiro lugar o preço. Já ligam com a pergunta: “Eduardo, quanto custa?”. Em geral, esses “clientes” não geram negócios, pois sequer querem saber sobre o que podemos oferecer. Estão vidrados, cegos, salivando pelo menor preço.

A tentação em aceitar é grande, as contas e custo de vida só aumentam.

Ainda mais quando vejo muitos profissionais “renomados” sucumbirem ao mote da “linha de produção”, com a qual se busca ganhar um pouco mais pela quantidade, mesmo com o decréscimo na qualidade.

Não os julgo; entretanto, meus princípios e a ética não me permitem subvalorizar o meu trabalho e a minha profissão. Se eu tomasse essa postura não prejudicaria somente a mim, compreende?

Na fonoaudiologia, área da minha esposa, as empresas pagam até 80% menos que o valor de tabela por exames importantes como audiometrias. E existem outros procedimentos sem reajustes há mais de 10 anos!

E infelizmente muitos aceitam fazer. E o fazem de qualquer jeito, causando prejuízos imensos para os pacientes, trabalhadores e empresas. Assim esse ciclo ridículo permanece e cresce a cada dia.

Isso acontece em diversas áreas do conhecimento. Direito, engenharia, medicina… Aposto que na sua também! Conte sobre a sua realidade de mercado. Todos os relatos podem ajudar a mudar posturas e causar melhorias.

Luz no fim do túnel

Quem paga pouco, também não tem o direito de exigir. A concorrência é um direito do mercado e ajuda a melhorar a qualidade dos serviços e produtos, porém, quando apenas o preço baixo é fator de decisão, corre-se o risco de ter um projeto medíocre, sem diferenciais ou inovações que geram retorno.

É o famoso investimento burro.

Outro fator prejudicial: profissional mal remunerado e insatisfeito trabalha mal e isso gera impacto negativo em toda a sociedade.

Mas há como reverter a tendência de degradação das condições de trabalho e essas incluem, além do preço, cronogramas mal elaborados, sobrecargas e falta de reconhecimento.

Para isso é preciso união e a busca por um nivelamento por cima. Chega de correr atrás de migalhas e ficar grande parte do dia pensando em como pagar as contas, ao invés de investir o tempo em coisas mais produtivas como conhecimento, descanso, lazer.

É possível mudar!

Utopia? Eu acredito. E tento fazer a minha parte. Vamos juntos? [Webinsider]

…………………………

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Eduardo Massami Kasse (@edkasse) é escritor, palestrante e analista de conteúdo. Subeditor do Webinsider. Mais em onlineplanets.com.br e eduardokasse.com.br.

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8 respostas

  1. Concordo com vocês. Pessoas olham preço e não qualidade.
    Trabalho com Desenvolvimento de Sites e estudei muito pra isso. Tenho curso superior, fiz vários cursos e certificações para deparar com empresas que cobram sites a preço de banana. Evidentemente que esses projetos não possuem qualidade, são sites prontos onde alteram somente logo, cor de fundo.

    Enquanto os Clientes/Empresas não entenderem que a internet exige um trabalho personalidado e otimizado empresas como essa Miguel ganharão cada vez mais espaço.

    Realmente é um absurdo.

    Abraço

  2. Vivo isso todos os dias. A história que você contou reflete a minha própria história.
    No começo fazia trabalhos para ganhar experiência e maturidade. Investi na minha formação, como cursos e eventos na área.
    Hoje posso dizer que sou um designer de verdade, mesmo sabendo que todo dia é dia de aprender mais.
    Já descartei vários clientes “imbecis” que olham o preço e não a qualidade. Não me estresso mais com esses “ratos” e sempre coloco meus ideais à frente de sangue-sugas vorazes.
    Até já pensei em largar a profissão, mas é o que amo e em todas as profissões existem altos a baixos.

  3. Caro Nex,

    nesse link que vc postou vc acha concorrência desleal olha o desse camarada

    http://www.sitenamedida.com.br/duvidas-frequentes

    ele cobra pra fazer páginas adicionais em site desenvolvidos por ele SOMENTE R$ 2,00 ISSO MESMO DOIS REAIS…..rsrrs

    esse sobrinho nem fez a conta básica, olha só!

    o salário mínimo no Brasil é de R$ 540,00 quando se fala mínimo é por que ele nem suprir o básico para um vida digna ou melhor humana…

    vamos lá pega 540,00 divide por 30 dias = vai dar 18 reais dia, agora divide 18 por 8 horas de trabalho dá R$ 2,25, ou seja esse menino aventureiro, descontando todos os gastos de uma empresa se é que ele tem isso, vai ganhar menos que um salário mínimo, será que ele vive com isso.

    a não ser que ele seja super humano que consiga fazer um página a cada um segundo e tenha bastante clientes querendo o serviço dele, acho que não né!

  4. Uma coisa que aprendi é que cliente ruim não faz bom negócio. Seja por não considerar o valor do serviço, seja por não saber “ser cliente” a melhor sugestão é descartar logo clientes ruins para que sejam absorvidos por prestadores de serviço mais correspondentes em nível e não fiquem no caminho, ocupando tempo e “slots” de boa vontade no seu cérebro.

  5. O próprio cliente ESPERTO buscou isso! Quando o cliente “pega” o seu preço e repete-o dando uma risadinha, agradece e desliga é de matar. Nem pergunta porque o “seu” é mais caro. Vc percebe que tb nao está preocupado com o serviço recebido.(Na verdade ele nem sabe o q está querendo)Pra esse tipo de cliente “qualquer bolota de cocô” serve”.

    Infelizmente, desses, só alguns percebem o prejuízo que levaram, ou descobrem que foram enganados. Quando muito, eles se lembram de você… Mas e a cara de pau de voltar lá?

    Eu não teria

  6. Não há de como mudar isso não, pois num sistema como o do capitalismo e a corrida de cada dia e o aumenta de professionais em cada decada que se passa, vai piorar a situação cada vez mais, ninguem mais pode mudar, não nesse sistema chamado capitalismo, pois nele o mais esperto, o mais veloz e principalmente o que é mais barato “sempre” ganha.
    E quem perde – sim somos nos, mas para a propria existencia (vida) entraremos no mesmo jogo, pois no capitalismo só há uma regra e é o dinheiro quem mandar.
    Portanto, se quer mudar mesmo para melhor, pense intensivamente em um novo sistema, pois com o capitalismo e o dinheiro jamais, repito jamais mudar algo para melhor… ;-(

  7. Infelizmente isso é uma realidade também na minha profissão, trabalhando como empregado ou free-lancer. Cabe a cada um filtrar esse tipo de coisa.
    Também não tenho problemas em responder para alguns clientes que reclamam de projetos falhos com outros profissionais e por isso quem pagar mal: “Você tem a qualidade que paga.”
    Mas não podemos esquecer que outras coisas também são tão um importantes quanto o valor: prazo e o tipo do cliente por exemplo.
    As vezes é preferível pegar um projeto mais barato em detrimento de outro mais caro por causa de um prazo maior ou um cliente melhor (menos problemático, por exemplo).

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