O papel da mídia sob diversas óticas

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A mídia é uma empresa atípica, pois além de lucrar tem também o papel social de iludir.
Nepô, da safra 2011.

A mídia tem tripla função na sociedade:

  • É uma empresa como outra qualquer: visa lucro;
  • Tem a função oficial de gerar informação/comunicação;
  • E nas entrelinhas criar ilusão social de que tudo está bom e pode permanecer do mesmo jeito. É uma apaziguadora de ânimos, coloca panos quentes nos conflitos.

A mídia é – e sempre será – aliada do poder de plantão. Sem controle da mídia não há poder e vice-versa. E sem poder não há sociedade.

Bem-vind@ à humanidade com suas celas e limites!

Ou seja, a liberdade de imprensa, de opinião existe desde que se trabalhe dentro de algumas fronteiras. Não é algo malévolo, mas regulador social. Obviamente: há poderes e poderes, mídias e mídias.

Veja, por exemplo, a postura da mídia americana em relação à Guerra do Iraque pró-Bush: nacionalista e patriota. E superficial ao apontar a raiz das seguidas crises financeiras.

É uma liberdade de imprensa dentro de determinado jardim. Esse processo, entretanto, é algo dissonante, gerador de decadência, pois evita que determinadas mudanças necessárias ocorram na sociedade. Cria latências acumulativas e que resultam em:

  • De forma mais comum, revoltas, tumultos, alternâncias fortes de grupos de poder;
  • Quando o sofrimento geral passa de determinado limite (vide revoluções sociais);
  • Quando a população cresce e exige uma mudança radical na sociedade (vide revoluções cognitivas).

Ou seja, toda mídia está afinada com a estrutura de poder. Se não está, ou o poder vai construir uma nova mídia (vide Chavez na Venezuela) ou vai cair.

Não tem como. Faz parte das sociedades humanas. Porém, como disse o Castells, aonde há poder há resistência.

O poder cria uma ilusão e quem está na resistência tentar criar a anti-ilusão e essa tem contida nela uma nova ilusão, pois na vida adotamos a ilusão que mais nos convém em dada circunstância econômica e essa se reflete no político-social.

Somos a ilusão que viabiliza nossa sobrevivência, diante de uma dada conjuntura de relação de poder dos diversos interesses sociais e a capacidade de articulação de quem está satisfeito ou insatisfeito com o status quo.

Diante disso, não me surpreende alguns pontos dos Princípios Editoriais das Organizações Globo. Considerei um dos textos mais importantes do ano, pois:

a) a Globo é um dos principais veículos do país;
b) tem tido iniciativas com as redes sociais (vide jornalismo participativo);
c) o texto aponta perspectivas sobre informação, comunicação e relacionamento com leitores;
d) aborda o mundo digital;
e) e revela como (tenta) pensar o futuro o principal grupo de comunicação do país.

Conhecê-lo, analisá-lo, ver os pontos eficazes e pouco eficazes no futuro vindouro é algo fundamental e importante para quem atua nessa área. No documento, no último parágrafo, depois de muito texto tem algo que assume essa função criadora da ilusão, lá diz:

“Entendemos mídia como instrumento de uma organização social que viabilize a felicidade”.

Ou seja, o critério final para se saber se os veículos da Globo cumprem o seu papel é se estão viabilizando a felicidade!

Criam a ilusão, já que a felicidade é um estado de espírito, seguido de momentos de tristeza, que uma sem a outra não existe, assim como precisamos conhecer a depressão para saber sobre a euforia e vice-versa.

Felicidade é algo interessante para uma sociedade de consumo, que vende de tudo para que você não fique triste, inclusive remédios tarja pretas.

É coerente ainda com o status quo da nossa atual sociedade estimuladora de ganhos materiais e criadora da falsa sensação que ter é igual a ser. A felicidade é uma calça velha e desbotada, comprada a peso de ouro em 10 vezes no cartão.

O documento como um todo levanta questões muitos interessantes para o debate, pois já mostra a influência da Internet em vários momentos, porém, ao se ler em detalhe, tudo acaba na mão de alguém regulando todo o fluxo.

Há uma pretensa participação, mas o modelo central é o do controle final por um editor (mais experiente e mais maduro). É um documento no qual se vê claramente a briga da aranha com a estrela do mar.

Vai ser, aliás, o tema do meu próximo Nepô ao Vivo. (Não perca!)

Vou arrumar algumas coisas nessas ideias, a partir de um papo maior, por e-mail, com o @augustodefranco. Vou detalhar: As revoluções cognitivas e as mudanças das topologias das redes.

Adianto o seguinte:

  • apesar das mídias terem o papel de reguladoras sociais, por meio da construção de uma ilusão, isso é um processo em equilíbrio e reequilíbrio;
  • no caso particular, de uma revolução cognitiva, que é fruto de um radical aumento populacional, o modelo de criadora de ilusão passado perde o sentido;
  • a nova mídia será muito mais colaborativa em relação à atual, manterá um controle, via plataformas, algoritmos e quem não se preparar para esse mundo perderá espaço.

O documento é extenso, mas ignora o fundamental: o momento histórico da passagem de um ambiente aranha para estrela do mar, de redes centralizadas com um tipo de controle para mais abertas, com um novo.

Falo mais disso em seguida e mais ainda ao longo do mês. Que dizes? [Webinsider]

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Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

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