Por que não uma Netflix para livros?

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Fiquei me perguntando hoje por que a indústria do livro não abraçou um modelo de distribuição semelhante ao da Netflix. Curiosamente, a Mashable informou no mês passado que a Amazon está trabalhando nesse projeto.

O assinante paga um valor definido por mês e tem acesso a todo o acervo do catálogo. Pode ler o que quiser, quando quiser, sem pagar mais por isso. Este post apresenta algumas vantagens desta solução.

No caso da TV, a gente paga para assistir 100% do conteúdo de canais a cabo, mas, na prática, fica subordinado ao que é transmitido em determinados horários. Uma alternativa é se dar ao trabalho de encontrar cópias de boa qualidade do conteúdo que se quer ver e baixar esse material. Há um preço nisso: o trabalho de procurar, a frustração por descobrir que o arquivo é ruim e se expor a infestar a máquina com cookies e virus.

A Netflix considerou que a internet traz oportunidades de economia. Eles podem concorrer com locadoras sem precisar se preocupar com os custos relacionados à produçao, transporte e armazenamento da mídia física. Isso significa que, por R$ 15, o assinante nao precisa sair de casa e pode assistir quantos filmes ou séries quiser sem sair de casa.

Não se trata apenas da empresa economizar dinheiro usando a rede, mas de outro cálculo que o consumidor faz. Quantas vezes você já se arrependeu de ter pago para assistir um filme no cinema ou ter comprado um livro ou um disco?

Há dois tipos de conteúdo: o que se quer provar e o que se quer ter. Já li relatos de casos indicando o efeito benéfico da distribuição livre para a comercialização de certos produtos. É que quem prova e gosta quer ter. Quem gosta muito de um filme que baixou quer ter a melhor versão e também prestigiar os responsáveis por disponibilizar o conteúdo.

Fico me perguntando como isso pode fazer sentido para livros. Eu pagaria R$ 15 por mês para baixar e ler os livros que quisesse. Qualquer um! É uma mudança de perspectiva. Vou poder experimentar livremente e sem ter a obrigação de ficar com alguma coisa.

Sim, porque ficar não é sempre a melhor solução. Ficar com alguma coisa implica em mantê-la em um lugar (de preferência, acessível): uma estante, uma pasta em disco rígido, etc. Quantos livros da sua estante você não devolveria para o livreiro para ter mais espaço, se soubesse que poderia acessar essa cópia a qualquer momento?

A possibilidade de acessar qualquer produto, no caso do livro, aponta para uma outra vantagem: ela dá sentido ao livro impresso. O impresso é aquilo que a gente gosta tanto, que quer ter fisicamente, quer pegar, fazer anotações, etc. O resto não precisa ser impresso.

Esse ambiente novo traz consigo um catálogo muito maior do que o disponível hoje pelas editoras. A gente sabe da quantidade de livros que não é reimpresso porque não há demanda e que novos leitores não têm acesso porque o prazo do direito autoral ainda não expirou.

Se eu pago por qualquer arquivo, se a editora recebe um valor proporcional ao número de livros baixados, faz sentido que a editora queira disponibilizar a versão digital dos livros que estão fora de catálogo. Isso torna o ambiente de leitura mais interessante em função da diversidade de conteúdo. [Webinsider]
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Juliano Spyer (www.julianospyer.com.br) é mestre pelo programa de antropologia digital da University College London e atua como consultor, pesquisador e palestrante. É autor de Conectado (Zahar, 2007), primeiro livro brasileiro sobre mídia social.

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7 respostas

  1. Caro spectreman, concordo em termos com voce. Ha pessoas que leem muito, há livros de diversos tamanhos, há consulta a livros para se usar apenas uma parte do conteudo e há a experimentaçao – voce le umas partes para ver se quer ler o livro.

  2. É que livros lemos 1 por longo período. Não é como filmes ou games que se consome vários num mesmo mês, diluindo o custo/benefício da assinatura por vários títulos.

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