Vamos trabalhar menos e com satisfação?

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As transformações no mundo do trabalho anunciadas pelas mudanças tecnológicas sempre estiveram presentes nas discussões entre especialistas. A substituição do trabalho humano pela máquina acabou sendo “personalizada” no robô. As novas formas de trabalho e de produtividade passaram do chão de fábrica para os escritórios, para os serviços, para a construção civil e para a agricultura.

Em 1986, em palestra para a Confederação dos Sindicatos Cristãos, André Gorz, cientista social francês, afirmava: “o trabalho pago poderá deixar de ocupar a maior parte de nosso tempo e de nossas vidas”. Recomendava aos sindicalistas que fosse encontrado novo sentido para a vida que não aquele do trabalho pago, da ética profissional, do rendimento. Imaginava que a jornada anual de trabalho deveria recuar para 1.100 horas. (ver Gorz, André – Metamorfose do Trabalho – Annablume – 2007).

Um quarto de século depois e em um país emergente como o Brasil podemos analisar como mudou o trabalho. Com relação à jornada semanal, a Constituição Federal reduziu-a para 44 horas, ante as anteriores 48.

Foi suficiente para liberar a maior parte do tempo do trabalhador? Nas grandes cidades, o aumento do tempo de deslocamento para o trabalho eliminou qualquer vantagem dessa redução. Então, consumimos nossa vida no trabalho? As reflexões sobre as características da Geração Y lembram: o trabalhador também mudou.

A vida além do trabalho

É dito que o jovem executivo está mais interessado na família, no lazer, na vida além do trabalho e que a empresa deve se adaptar a esse novo trabalhador. Também a conversão das pessoas e das empresas para a responsabilidade social tem exaltado a inserção comunitária, o mais das vezes, em horários de folga.

Muitos selecionadores valorizam a participação cidadã dos candidatos. Por sua vez, é prova de modernidade as empresas incorporarem a questão da satisfação dos seus contratados, havendo concursos para selecionar “As Melhores Empresas para Trabalhar”.

Os sindicatos fazem campanhas pela redução da jornada, com a contradição de se privilegiar os preços das horas extraordinárias. Nos últimos tempos, passaram a apresentar reivindicações relacionadas à questão de gênero, raça, assédio moral e doenças relacionadas à intensificação do trabalho. Na linha da vida fora do trabalho, o avanço foi na licença maternidade de seis meses, ainda optativa.

Internacionalmente, a agenda da OIT defende o trabalho decente. É uma proposta ampla o suficiente para condenar tanto o trabalho escravo ou de crianças, em países atrasados, como a pressão por qualidade ou produtividade que tem levado à prática do suicídio, quer na Europa, quer na China.

A realidade é que ainda se passa a maior parte da vida em função do trabalho pago. Mas o desemprego cresce a cada dia, como vemos na Espanha, Itália e nas manifestações na Grécia. Ou seja, esse é um modelo que precisa de evolução e mais equilíbrio. [Webinsider]

Walter Barelli é doutor em economia, professor universitário e conselheiro da ABRH-SP. Site: www.barelli.ecn.br.

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