Como escrevi meu e-book e publiquei na Amazon

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Em primeiro lugar, que fique claro que acredito que o mercado de livros eletrônicos é um caminho sem volta. Alguns autores, editoras e leitores são contra esse movimento e respeito a opinião de todos eles. Mas a minha opinião é: abraçar esse movimento de corpo e alma é o correto a se fazer neste momento.

Há argumentos válidos nos dois lados do campo de batalha, mas enquanto leitor e autor, eu acredito e apoio os livros eletrônicos por alguns motivos:

  • Espaço e peso. É fácil armazenar e carregar consigo inúmeros livros. Isso parece uma tolice, mas não é. Pense no espaço ocupado por livros na sua casa e o peso deles a cada mudança. Pense no peso e espaço dos livros na sua mochila, pasta ou mala durante uma viagem ou no caminho entre a casa e o trabalho;
  • Preço. OK, o quesito preço nem sempre é tão relevante, uma vez que há editoras cobrando mais caro pelos digitais que os impressos. Alguém pode me explicar isso?;
  • Durabilidade. Um livro eletrônico é tecnicamente eterno e não estraga;
  • Pesquisa e referência. Em muitos dispositivos, anotações feitas no leitor de e-books são automaticamente sincronizadas com o computador. Imagine a comodidade de estudar e referenciar textos dessa forma. Eu faço isso o tempo todo! Pense também nos profissionais da área de saúde procurando referências no sistema de busca em vez de fazer isso manualmente;
  • Dicionário. Grande parte dos leitores tem um dicionário dentro do próprio livro. Basta selecionar uma palavra e ver imediatamente seu significado;
  • Democratização de conteúdo. Livros, mesmo em domínio público custam dinheiro e não necessariamente estão disponíveis em todas as bibliotecas. Mas graças a iniciativas como o Projeto Gutenberg e similares ao redor do mundo, estas obras podem estar nas mãos de todos que têm algum tipo de leitor de livros digitais. E tenha em mente que um celular, tão popular nos dias de hoje, pode ser um leitor!

Não acredito que os livros de papel acabarão tão cedo, mas os números nos Estados Unidos e Europa confirmam que o modelo digital veio pra ficar. Acredito tanto nisso que meu mais recente livro foi publicado apenas em formato digital.

E o objetivo deste artigo é justamente compartilhar com autores independentes e leitores como foi meu caminho até a publicação e também como adquirir o livro.

Como comecei

Já escrevo há bastante tempo. Comecei com a poesia, passei para os contos, cheguei ao blog e neste intervalo publiquei um livro (em papel) cujo título era “O Futuro do Turismo”. O futuro descrito no livro é nosso atual presente, portanto, é uma obra sem objetivo nos dias atuais. Mas a experiência de publicação foi maravilhosa.

O outro livro que publiquei esta semana também está relacionado ao turismo, uma das minhas maiores paixões, diga-se de passagem. Chama-se Rapa Nui e descreve todo o processo da viagem para Ilha de Páscoa, que está situada no meio do Pacífico.

Começo narrando a escolha do destino, descrevo o processo de aquisição das passagens e hotéis, conto em detalhes o ocorrido durante a viagem e termino onde termina a viagem, ou seja, no retorno para casa.

Resolvi escrever o livro pois sempre compartilho minhas viagens com os ouvintes e leitores através de Twitter, Facebook e Flickr e quando retorno gravo um episódio do podcast especificamente sobre aquele destino. E por mais que eu compartilhe cada momento com as pessoas, existem sempre os que me pedem mais informações sobre este ou aquele assunto. Ou seja, o livro é o diário completo com todos os detalhes.

Como escrever um e-book

Meu primeiro livro foi escrito no Word e posteriormente impresso para uma revisão. Na ocasião, escolhi meu pai, de quem, imagino, herdei o hábito pela leitura e escrita. O livro Rapa Nui nasceu e foi revisado de uma forma completamente diferente.

Utilizo há algum tempo o Scrivener, que foi criado por um escritor que estava insatisfeito com os aplicativos existentes no mercado.

É uma ferramenta ao mesmo tempo muito poderosa e simples de usar. O texto é dividido em capítulos e é possível trabalhar separadamente em cada um deles. Também é possível incluir material de consulta e criar fichas técnicas de cada personagem. Eu nem saberia aqui descrever todas as possibilidades. Em realidade é possível fazer quase tudo sem se preocupar com a formatação final. Quando a obra está concluída, é possível então trabalhar no seu formato final.

Não existe – ainda! – uma versão do Scrivener para iPad, mas é possível sincronizar os textos em formato TXT puro com aplicativos como o WriteRoom, meu preferido para a tarefa de escrever no iPad. O tablet para mim é também uma ferramenta de trabalho, usada em várias ocasiões durante a criação deste livro.

Grande parte do texto foi escrito no iPad que me acompanhou durante a viagem. Para que a informação não se perdesse no tempo, antes de dormir eu fazia questão de anotar tudo que havia transcorrido naquele dia. Mas o iPad não serviu apenas como forma de coletar a informação. Já no processo de revisão (que chamo de transpiração), eu nem sempre estava na frente de um computador e em muitas ocasiões o texto foi sim trabalhado e formatado no iPad.

Uma vez terminado o texto e a revisão, percebi que outra pessoa precisava ler “os originais”. Para que o material no Scrivener não sofresse alterações sem minha “aprovação”, converti o livro e transferi para o iPad da minha esposa, que leu tudo e realizou diversas correções e sugestões com as ferramentas de grifo e comentários do leitor iBooks da Apple. Quando ela terminou, trabalhei nas correções no Scrivener seguido visualmente as sugestões feitas no iPad.

Divulgação e venda

O Scrivener exporta arquivos finais nos mais diversos formatos, incluindo o Kindle da Amazon. E pela simplicidade no processo, o Kindle foi escolhido como meu padrão principal de publicação e venda. Porém um outro formato bastante popular e utilizado por vários leitores é o ePub, que também adotei. Mais abaixo explicarei as diferenças em mais detalhes.

Sou relativamente conhecido pelo que escrevo aqui no Webinsider, por conta do meu podcast e também em virtude da mais recente empreitada, o iTech Hoje. Mas estou longe, muito longe de ser uma celebridade ou alguém popular. Portanto, minha condição por si só não garantiria a divulgação e venda do livro. Então optei por usar e abusar das redes sociais.

O livro não tem nenhuma foto, apesar de se passar num dos mais belos lugares que conheci até então. O que eu fiz disponibilizar 73 fotos em um álbum específico do Flickr, cada qual contendo uma pequena passagem do livro relativa àquela foto.

Além disso, há um link para página de aquisição da obra. Este álbum é aberto e público, portanto pessoas que venham a contemplar as fotos podem vir a se interessar pelo livro.

No Twitter, Facebook e até mesmo Instagram eu já vinha divulgando meu progresso na produção do texto, provocando dessa forma alguma curiosidade nos prováveis futuros leitores. Quando o livro foi publicado, evidentemente utilizei todos os meios sociais à minha disposição para divulgar a obra.

Aquisição e leitura

Na Amazon o processo é muito simples. Para os que já estão familiarizados com o Kindle, basta visitar este endereço e adquirir o livro.

Para os não familiarizados, vamos à explicação que, tenho certeza, abrirá um novo mundo de possibilidades na compra e leitura de livros digitais. Hoje em dia é possível ler estas obras no computador, no telefone e no tablet. Vejamos como.

O primeiro passo é criar uma conta no site da Amazon. No topo da tela do site, procure pelo texto “Hello. Sign in” e escolha a opção “No, I am a new customer”. Um pequeno cadastro precisa ser preenchido. Infelizmente neste ponto será preciso saber um pouco de Inglês. Há algumas semanas circulam boatos de que a Amazon estaria vindo para o Brasil, portanto, quem sabe, em um futuro próximo este cadastro passe a apresentar uma opção em Português. Ao meus olhos parece muito mais que um boato, dada a crescente quantidade de livros eletrônicos disponível em português atualmente na Amazon. Vamos torcer para que a Amazon chegue logo ao Brasil!

Sigamos adiante! Alem do equipamento chamado Kindle, a Amazon disponibiliza um aplicativo gratuito também chamado Kindle para uma infinidade de dispositivos. Alguns exemplos são: iPhone, iPad, Android, BlackBerry, Windows Phone 7, Mac e Windows. Nessa página é possível escolher o aplicativo correto e instalar no seu dispositivo. O aplicativo é gratuito, independente da plataforma.

Há muita crítica em torno da Amazon em virtude de sua cada vez maior dominação no mercado editorial digital. Outra crítica é que o formato de livros da Amazon é proprietário e as obras vendidas por eles só podem ser lidas no Kindle. Eu entendo e concordo com parte das críticas, mas não há como negar que a simplicidade do processo atrai cada vez mais novos leitores.

Tudo é feito em prol da comodidade. Além de ler e armazenar seus livros, a Amazon permite também que comentários e grifos feitos na página onde você parou sejam automaticamente sincronizados entre dispositivos. Sendo assim, se você começou a ler o livro no iPad, pode continuar no computador ou no celular.

Bom para o autor independente

Outra vantagem da Amazon é a simplicidade no lado do autor independente, como é o meu caso. O processo de publicação é muito simples e o controle da quantidade de unidades vendidas é igualmente simples. Sei imediatamente quando alguém comprou uma cópia do meu livro. Já a remuneração do autor passa por uma série de regras, de acordo com o valor do livro, país de aquisição e nacionalidade do escritor. Mas não é nenhum bicho de sete cabeças.

Publicar na Apple é mais complicado

No caso da Apple, que entrou no mercado de livros eletrônicos juntamente com o advento do iPad, o processo de publicação é infelizmente algo imensamente complicado. A empresa utiliza um padrão aberto conhecido como ePub, mas publicar um livro na loja da Apple é extremamente burocrático e trabalhoso. Além disso, cobram dos autores uma taxa de US$ 99 (até a última vez que chequei) para abrir uma conta. Na minha opinião este é um custo muito elevado para autores independentes. Principalmente pelo fato da empresa já reter parte do valor de face do livro (exatamente como a Amazon faz).

Então optei por um processo manual para permitir que as pessoas possam ler o livro em formato ePub, seja no iPad ou em outro dispositivo compatível com esse formato.

Os dispositivos que adotaram o ePub são inúmeros: iPad, iPhone e iPod Touch (através do aplicativo iBooks e outros aplicativos disponíveis na loja da Apple); Nook; Sony Reader; Kobo; Positivo Alfa e tantos outros. Cada qual conta com um processo diferente de inclusão e leitura dos livros, mas o fato é que todos “entendem” o formato ePub.

Porém, apesar de ser um formato amplamente adotado pela indústria, o ePub, na minha opinião, carece de uma loja centralizada e por essa razão dificulta muito a vida dos pioneiros leitores da era digital.

E justamente a falta dessa loja centralizada me fez optar por um processo manual de venda deste formato. No caso de optar por este formato, o meu leitor precisará me fazer um pagamento via PayPal ou depósito bancário e em seguida eu envio a cópia do livro. Gostaria muito de um processo mais simples no futuro. Os leitores merecem!

Existem no mercado outros formatos menos populares e em especial nos Estados Unidos há uma batalha entre a Amazon com o Kindle e a Barnes and Noble com o Nook.

Fora do mercado estadunidense, tenho conhecimento de que a população de alguns países tende a adotar leitores nacionais, como é caso do Canadá e Espanha. Mas como eu disse no início do texto, acredito que este é um caminho sem volta. Depois de filmes e música, o conteúdo impresso, mais hora, menos hora, também migrará para o formato digital, goste você ou não. [Webinsider]

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Vladimir Campos é escritor. Veja mais sobre ele.

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Mais lidas

21 respostas

  1. Olá, bom dia! Vejo que o artigo já tem alguns anos mas ainda me parece super válido. Tenho uma dúvida pontual: existe alguma plataforma que aceita publicação por capítulos?
    Desde já agradeço a atenção.

  2. Prezado Senhor, Vladimir Campos, boa tarde.
    Gostaria de agradecer e parabenizá-lo pelo artigo, sobre publicar livro. Estou com esta dificuldade, tenho três livros escritos, e não sei como conseguir recursos para publicá-los.
    Teria alguma sugestão?
    Atenciosamente,
    Cristino Mendonça

  3. Tenho a Revista Poética Brasileira e semana que vem o tema será E-BOOK (Não temos fins lucrativos). Gostaria de pedir permissão para publicar este seu belo artigo sobre o assunto.
    As edições começam hoje e vão até a sexta. Por isso, lhe peço atenção ao pedido.
    Atenciosamente,
    Mhario Lincoln
    Faça uma visita à revista.

  4. Excelente post! Parabéns por passar adiante um conhecimento tão valioso!

    Escrevo artigos para ajudar homens a se relacionarem com mulheres a atingirem um nível maior de evolução e estou finalizando 2 livros.

    Estava quebrando a cabeça procurando alguma editora confiável e me assustei ao ver o preço que cobram e o quanto eu receberia por cada livro.

    Com o seu artigo fiquei ainda mais motivado! Concordo com você quando diz que devemos aproveitar essa nova tendência.

    Grande abraço, Vladimir!

  5. Olá,
    Muito interessante sua postagem, pois,orienta e, inclusive, convence sobre os digitais. Vou até a Amazon conferir e, certamente, publicarei em breve.
    Obrigada pela valiosa dica.

  6. Excelente post.

    Sou apaixonado por literatura e música independente por isso criei o DigiCult.com.br onde é possível para o autor se autopublicar com custo zero. Claro que não chegamos nem perto de uma Amazon ou Apple mas o nosso foco é 100% no mercado independente e vejo muito espaço para essa cena crescer e espero muito dar minha pequena contribuição pra isso.

  7. Achei excelentes e muito colaborativas estas suas explicações. Sua atitude é realmente a de um democrata, no sentido genuino do termo: aquele que, deixando o egoismo de lado (que é o mal de muitagente), coloca o que aprendeu à disposição de quem quer também aprender, como no meu caso. Acabei de publicar um livro no KDP; e,daí, o meu grande interesse em ler explicações como as suas. O nome do livro é: CONTOS MARAVILHOSOS CAUCASIANOS – LIVRO 1 – SAGA AZERBAIJANA – A ESTÓRIA DE BADAM. E estava tentando descobrir maneiras de divulgá-lo, quando me deparei com estas suas tão importantes informações. Para bens por seu sucesso!…

    Um abraço,

    José Fernandes da Silva

  8. Olá!
    Adorei as informações contidas aqui. Eu não sabia de algumas tecnologias recentemente. Eu queria saber como recebe os valores dos livros vendidos? Tem que ter uma conta? Eu posso fazer meu livro no word? E depois como faço para vender? seria um conversor para depois enviar? E posso colocar fotos? Aguardo resposta e agradeço desde já

  9. afinal, quantos livros pode-se vender no kindle? como saber o numero de vendas? o meu livro, “o século do ritmo” tem oscilado ai por volta da 3000posição em vendas, mas nem imagino se vendeu 3 cópias ou 3mil, e não descubro uma única referência…parece que ninguèm fala nisso…

  10. Boa noite! Me interessei muito pela sua matéria…gostaria de escrever um livro…e-book…porém com imagens que podem ser movimentadas pelo leitor…por exemplo…mudar las de lugar…tenho que abrir uma conta ? Nao entendi muito bem..existe algum telefone que eu possa ligar? Agradeco imensamente a sua atenção. Loretta.marques@terra.com.br

  11. Vladimir,

    Pensei que vc ia entrar direto ensinando como publicar o e-book na Amazon.
    Mas valeu, já tive alguma informação.
    Estou com dez e-books prontos para entrar, mas preciso de alguém que faça este trabalho por mim, não entendo nada de inglês.

    Abraços
    Manoel

  12. boa noite, tudo tranquilo??

    escrevi e publiquei um livro neste primeiro semestre de 2012 (JOHNNY & KELLY, o destino quis assim… um romance de 254 pg) e agora estou me informando a respeito da comercialização também na forma digital. Então, gostaria de perguntar qual seria o primeiro passo. Qual local deveria procurar para me informar melhor e coisas assim, que qquer iniciante nessa área deveria saber. obrigado e aguardo por sua resposta.

  13. Aqui vai uma dica …No Brasil já existe uma alternativa bem parecida com essa da Amazon, a PerSe (www.perse.com.br) uma plataforma Web para a publicação e venda de Livros e eBooks para Autores Independentes, onde o autor é quem publica sozinho o seu livro e o melhor, GRATUITAMENTE. São mais de 250 combinações possíveis de acabamento, formato, papeis e cores. O Autor, além de manter os direitos autorais consigo, é quem define o quanto quer receber por eles. Quando um leitor adquirir o livro eles imprimem sob demanda e entregam, sem investimento inicial e sem Estoque. Hoje além de parceria de comercialização de eBooks com a própria Amazon, eles possuem parcerias com varias lojas on-line de eBooks como a Xeriph, Nuvem de Livros, Iba (do grupo Abril), Livraria Cultura.

  14. Prezado Felippe, não há segurança para nenhum conteúdo digital. O DRM do Kindle, da Adobe, do Nook, etc, pode ser quebrados em menos de um minuto com ferramentas facilmente encontradas na web.

    De minha parte eu aposto na qualidade/preço/disponibilidade do produto e no bom senso e ética do consumidor. Na minha opinião, aquele que pirateia, o fará sempre, independente da chave da proteção disponível.

    Neste outro texto eu elaboro um pouco mais a idéia: http://vladimircampos.com.br/post/18126790645/eventos-por-sergio-lima-o-direito-de-ler

  15. Vladimir,

    Ao vender exclusivamente pela Amazon, você está seguro e sabe que esse é o único método de aquisição do seu livro.

    Mas, vendendo direto e trabalhando com o formato ePub, existe alguma maneira de se resguardar quanto a distribuição não-desejada?

    Abraços!

  16. Oi Vladimir. Muito bom o artigo!

    Acredito que o livro digital vai ganhar imenso peso nos próximos momentos, entretanto, não aposto no fim dos impressos.

    Aliás, sou totalmente a favor da disseminação do conhecimento, independente do meio: seja digital, impresso, por sinais de fumaça ou escrito na pedra.

    Afinal, não existe formato melhor ou pior, mas sim preferências e situações.

    Abraços!

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