Associativismo digital: estamos no caminho certo?

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O mercado da publicidade tradicional já está consolidado no Brasil há algum tempo – grandes agências, formatos publicitários definidos, veículos estabelecidos, regras para concorrência, associações de classe, órgãos regulatórios e políticas de cargos e salários. Mas, e as agências digitais? Em que pé estão e para onde vão?

Como uma espécie de surto, agências digitais pipocam nos grandes centros como padarias nos anos 40, muita gente interessada em atender a explosão das redes sociais e também da inclusão digital que só aumenta no país.

É natural que esse amontoado de empresas em fase pueril, repletas de “entusiastas”, procure se estabelecer buscando conhecimento e melhorando suas práticas. Com isso, torna-se lógico o aparecimento de associações focadas no desenvolvimento digital. No Brasil há a Abradi e em alguns estados existem associações regionais como a Apadi (São Paulo).

O associativismo, de forma geral, se baseia em três pilares: representatividade, relacionamento e conhecimento.

Empresas se associam a uma instituição para ter seus interesses defendidos perante a sociedade, outras instituições, veículos de imprensa e também diante dos três poderes (judiciário, legislativo e executivo).

Outro ponto importante está no relacionamento entre associados, profissionais do meio e outras associações complementares.

Finalizando o tripé temos o conhecimento, que geralmente acontece através da exposição de boas práticas, metodologia, guias e com a troca de experiências.

Durante algum tempo observei como funciona a Apadi e cheguei a conclusões que não foram muito positivas do ponto de vista pragmático sobre sua finalidade. Em dado momento não vi sentido na continuidade da filiação da empresa em que eu prestava consultoria e que foi filiada à instituição.

Basicamente, em minha visão, a entidade pouco faz para contribuir positivamente para o desenvolvimento do setor de seus associados. Darei alguns exemplos para ilustrar melhor o tamanho do problema.

Na questão da representatividade não vi nenhuma ação para mobilizar a câmara dos deputados para regulamentar profissões como analista de relacionamento, pesquisa, monitoramento e outras que surgiram recentemente.

Também como questão importante a ser trabalhada está a incidência de carga tributária para as agências digitais, que é exatamente a mesma das agências de publicidade, porém, com verbas muito menores.

Encontrei um manual de concorrência bem feito e também um guia de referência de valores e serviços. No caso do guia, contesto os valores disponibilizados pois ficam muito abaixo dos praticados pelo mercado, principalmente, se forem utilizados para participar de licitações. Geralmente as licitações usam tabelas de instituições com aplicação compulsória de descontos na ordem de 40%, prática muito comum nesse modelo de negócios.

Pode ter passado batido, mas não encontrei nenhuma mobilização da Apadi para conscientizar empresários de modo a facilitar contratações de agências, através da divulgação de cases de sucesso e boas práticas, utilizando-se de veículos de imprensa.

Na questão do relacionamento não posso opinar com propriedade, pois não frequentei as reuniões dos associados. Contudo, imagino que uma aproximação com outras associações como o CCSP (Clube de criação de São Paulo), ABAP (Associação brasileira das agências de publicidade) e SinaproSP (Sindicato das agências de propaganda do Estado de São Paulo) poderia trazer grandes benefícios aos associados.

Deixei o conhecimento para a última parte propositalmente, pois é onde acredito estar o ponto mais delicado. A Apadi pouco contribui com o desenvolvimento de seus associados através da disseminação do conhecimento. Na página da entidade há a oferta de um curso sobre blogs com desconto. Nada que tenha a ver com profissionalização direta da empresas associadas, metodologia, processos, organização, composição de produtos e preços.

Nada contra o curso ofertado tampouco, acredito que seja muito bom, pois é dado por um profissional reconhecido no mercado, porém, para agências digitais senti falta de conteúdo que tenha a ver com profissionalização direta da empresas associadas, metodologia, processos, organização, composição de produtos e preços.

Acredito que o mais correto seria oferecer serviços de consultoria através da entidade, onde a mesma contrataria e disponibilizaria consultores para seus associados e faria com isso caixa para ações do interesse geral, coisa que não acontece por motivos que desconheço, visto que as agências têm demanda para esse tipo de serviço.

Após refletir sobre tudo isso cheguei a conclusão de que algo precisa ser feito ou caminharemos cambaleando para a profissionalização do setor.

Deixo para você algumas dúvidas que o tempo deverá responder: por que as instituições que deveriam representar seus associados não o fazem? Quem está sendo favorecido? Qual o futuro que o mercado terá se nada for feito a respeito?

Até mais! [Webinsider]

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Marcelo Vitorino (@mvitorino_) é palestrante e consultor de comunicação, marketing digital e gestão de crise. Mais informações em seu site pessoal.

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5 respostas

  1. Olá, Marcelo! Excelente ideias as suas que acredito terem sido levantadas por você nas reuniões da Abradi e Apadis. Se as agências “pipocam” no mercado e muitas fazem parte das Apadis, os interesses devem ser divergentes. Em breve, o próprio mercado separará o joio do trigo. Essa será a hora de discutir representatividade, relacionamento e conhecimento.

  2. Ótimo texto, Marcelo.

    Uma reflexão que poucos fazem quando devemos pensar na melhoria do mercado. Isso é algo tão presente no dia-a-dia das agências e muitos, ou quase todos, os empresários e empreendedores digitais não dão atenção e vai indo do jeito vai e, com certeza, vamos continuar nesse caminho se nada for feito.

  3. Concordo com você Marcelo. Excelente seu ponto de vista e acho que cabe a nós pressionar e cobrar estas ações ou oferecer o conteúdo que você sugeriu, individualmente ou em parceria 🙂

    Um abs!

    @idegasperi

  4. Curioso vc não mencionar o IAB, que representa as maiores agências (interativas e “tradicionais”) do país em seu artigo. Ali, as filiações de agências de todos os portes e tipos não param de crescer e vão aumentar ainda mais, com a adesão da entidade ao CENP.

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