A sinergia entre redes sociais e NewsGames

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Com Luciene Santos.

Enquanto pesquisas recentes demonstram uma preferência dos usuários pelo uso de redes sociais e fóruns de discussão, o mercado de games mantém-se “estagnado” sob uma ótica narrativa – narrativas “clássicas e seculares” ainda são a galinha dos ovos de ouro dos fabricantes. Indiferente à tendência dos usuários da web, a indústria segue no mesmo rumo narrativo que lhe rendeu um império de bilhões. Como todo novo conceito, a teoria que permite pensar a possibilidade dos games comerciais além do entretenimento corre à margem da galáxia dos games apenas como diversão.

Ainda em busca de aliados poderosos, a Teoria dos NewsGames está à espera de uma interface confiável que sirva de base descritiva, para prover a narrativa de games baseados em notícia. Embora o mercado ainda não ponha fé nos games essencialmente como informação, tem alguém segurando a lanterna no final do túnel. Segundo uma pesquisa realizada pela Experian, as redes sociais e fóruns lideraram a preferência dos internautas brasileiros em julho, com 22,08% de visitas totais na internet, uma alta de 5,03 pontos percentuais em comparação a 2011.

Pela primeira vez, as ferramentas de busca amargaram o segundo lugar, com apenas 12,44% dos acessos no mesmo período. Essa tendência de consumo na web reforça o argumento do uso das redes sociais como interface descritiva natural para rodar NewsGames. Acoplada ao tabuleiro de jogo, as redes sociais funcionariam como base descritiva da trama. Nesse caleidoscópio, as notícias são produzidas pelos próprios jogadores a partir de uma notícia-tema que for usada para dar a partida na ignição do jogo.

Cenário de uso de uma única rede social

Em que cenário as redes sociais podem atuar dentro do tabuleiro dos NewsGames? A pergunta parece óbvia, mas, como o cenário no mundo digital é dinâmico, muitas coisas mudam a todo o momento. Na área das redes sociais, o Orkut era líder de audiência até o início deste ano, quando o Facebook assumiu o topo do ranking. Segundo pesquisa da Experian Hitwise, divulgada em 22 de agosto, a liderança ainda está nas mãos de Mark Zuckerberg, dono da maior rede social do mundo, com quase 1 bilhão de seguidores.

Em julho passado, o Facebook mantinha a preferência de quase 55% dos usuários brasileiros de redes sociais (54,99%). No mesmo período do ano passado, a participação no Brasil era de apenas 18,24%, um crescimento de 36,75 pontos percentuais. O receio do mercado é que se confirmem os planos totalitários de Zuckerberg. Segundo confissões da ex-secretária do Facebook, Katherine Losse, o cofundador da rede social chegou a afirmar que “não devem existir várias formas de se expressar e se comunicar na internet, apenas uma – o Facebook”. As revelações estão no livro The Boy Kings: A Journey into the Heart of the Social Network.

No caso do uso do Facebook como única interface descritiva dos NewsGames, o problema estaria no risco da ocorrência das chamadas “bolhas de filtro” – o usuário passaria a buscar apenas de autorreferências impostas por um único tutor. Tal experiência pode fazer com que os jogadores usem só informação que lhe ‘agrade’, como em modelos de transmissão de conteúdo sob demanda. Essa modalidade de comunicação restringe a visão crítica do usuário, condenando o seu papel social como cidadão. Na prática isso fere um dos princípios básicos da Teoria dos NewsGames, que estima a mobilização social dentro do jogo para a solução de problemas na vida real.

Cenário de uso de diversas redes sociais

A pesquisa realizada pelo Experian aponta a participação de mercado das principais redes sociais. Focado na distribuição de vídeos, o YouTube aparece em segundo lugar atrás do Facebook, com 17,92%, seguido pelo Orkut, com 12,42%, que registrou uma queda de 33,69 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2011. Em quarto, ficou o Windows Live Home (2,41%), seguido de Twitter (2,29%), Yahoo! Answers Brasil (1,70%). Ainda entre os top 10 sites mais acessados estão Badoo (1,55%), Google+ (1,17%), Bate-papo UOL (1,10%), e Tumblr (0,31%).

No cenário atual existem diversas redes sociais funcionando concomitantemente. Na verdade, a maioria das pessoas não tem tempo de usar várias redes sociais ao mesmo tempo como o Facebook, Twitter, LinkedIn, Google + e outras. Mas existem aplicativos, como o Twitterfeed e Hootsuite, que podem ajudar a disseminar mensagens para todas as redes. Por outro lado, o próprio tabuleiro dos NewsGames pode funcionar como agregador de redes sociais, facilitando assim a jogabilidade.

O que importa é criar a possibilidade de integração das redes sociais dentro do tabuleiro de jogo. Isso geraria um fluxo maior de informação numa mesma interface, permitindo o cruzamento das notícias. Desta forma é possível encontrar informação de qualidade, aquela que permite fazer as reais transformações sociais. Uma coisa é certa: a soma da base de usuários entre redes aumenta a possibilidade de conexões.  Claro, existe a possibilidade de ocorrência de ruídos por conta das bolhas criadas em cada rede social, por conta de suas próprias regras distintas de engajamento.

Por exemplo, o Facebook (pessoal) é encarado como uma rede social de conversação pessoal dentro de um grupo de amigos e familiares. Permite encontrar pessoas, partilhar mensagens, fotos, vídeos, trocar impressões sobre assuntos diversos. ‘Nem todos podem seguir todos’, fato que gera restrições para a jogabilidade. No Twitter (impessoal), a comunicação tende à impessoalidade, pois permite interagir com qualquer pessoa. A possibilidade de ‘todos poderem seguir todos’ garantiria mais dinamismo ao jogo. A navegação no Twitter é mais simples que no Facebook, mas restringe o tamanho da mensagem.

Mas isso não seria um problema, já que uma das regras básicas de redação do lead da notícia remete para um texto ‘curto, claro e conciso’. Na rede social LinkedIn (profissional) é enfatizada a presença profissional do usuário na web. Foi criada para mostrar o perfil do usuário a potenciais clientes ou parceiros. Leva do mundo real para o universo online a velha ideia do cartão de visita. Através da rede, o usuário pode fazer novos contatos, permitindo compartilhar amigos em comum. Levando a questão para dentro do tabuleiro de jogo, seria de bom tom tratar de temáticas de fomento às relações de trabalho em tempos de crise econômica.

Pessoal, impessoal ou profissional, a força das redes sociais está no seu poder de agregar pessoas em torno da informação customizada. A mistura de redes garante à narrativa dos NewsGames mais qualidade, porque afasta o risco da chamada hiperconcentração informacional numa simulação de uma rede social única.

Com a existência de um número maior de redes sociais, os assuntos abordados nos chats e fóruns de discussão tendem a se diversificar, evitando a ocorrência de uma uniformização de dados. Apesar da queda de fatia de concorrentes de peso do Facebook, a qualidade da informação não é extraída a partir de percentuais de mercado de cada rede social, mas sim na diversidade de emissores de informação. Sabe-se que alguns temas (sexo, culinária e tecnologia) são mais abordados, mas isso não elimina a possibilidade da rede social de nicho.

Cenário de uso de rede social de nicho

Em relação aos dados globais, a pesquisa Experian revelou um avanço importante das redes sociais segmentadas. O Instagram e o Pinterest estão entre as 20 redes sociais mais usadas no Reino Unido e nos Estados Unidos. No Brasil, o Facebook foi responsável por gerar 44% de todo o tráfego do Instagram. Nos EUA, esse índice foi de 47%. Segundo Bill Tancer, líder de pesquisa global da Experian, “a tendência é a proliferação de redes sociais de nicho”. Numa simulação de cenário de uso de rede social de nicho, a informação tende a carregar consigo um alto valor agregado, pelo simples fato de segmentar ainda mais o tema a ser abordado.

Na Galáxia dos Newsgames, a ‘temática da notícia’ tende a assumir maior relevância, em oposição à classificação tradicional do que é notícia. Nas headlines, o novo (a novidade) tem um papel mais valorizado. Já nos NewsGames é a partir da escolha de uma determinada temática (violência social, por exemplo) que os jogadores dão partida na ignição da narrativa do jogo, usando as redes sociais como plataforma descritiva. Como tabuleiro, o Google Maps funcionaria como ótimo visualizador dinâmico de dados, a fim de permitir a transformação do texto em notícias cartografadas.

Um aspecto importante no uso da rede social de nicho é a possibilidade de combater o problema gerado em torno do próprio universo do usuário, como sinaliza o livro ‘O Culto do Amador’, do ex-empresário do Vale do Silício convertido em historiador, Andrew Keen. O britânico de 51 anos denuncia aquilo que classifica como a ‘ditadura da ignorância’ na web. Segundo Keen, ‘as pessoas tenderiam a navegar na internet atrás apenas de holofotes digitais’. Em redes sociais segmentadas esse risco tende a cair a zero, pelo fato de os assuntos tratados serem voltados para temas de interesse comum.

Dados: www.serasaexperian.com.br/release/noticias/2012/noticia_00931.htm. [Webinsider]

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Geraldo Seabra, (@newsgames) jornalista e professor, mestre em estudos midiáticos e tecnologia, e especialista em informação visual e em games como informação e notícia. É editor e produtor do Blog dos NewsGames.

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