Popular não é ignorante

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Outro dia, criticaram dizendo que a propaganda, por ser um reflexo comercial da cultura popular, deveria empregar a língua falada e não “complicar” com construções e palavras “difíceis”. A propaganda, assim como outras formas de comunicação, não poderia referenciar-se na literatura mas sim na rua, na feira, na cadeia.

Tudo vale para justificar essa tese, a começar pelo maior dos lugares comuns: a língua é viva. Ou por detrás do argumento: o capricho do vernáculo é coisa de velho.

Mas parece um grande disfarce.

Por que só haveria vida na rua? Bibliotecas são cemitérios onde vagam espectros arrependidos?

Olho pela janela e vejo mortos se arrastando nas calçadas, zumbis com as costas arqueadas sob o peso da mediocridade. Mas Julien Sorel ou Diadorim ou a cachorra Baleia ou Ahab pulsam na memória. Imortais.

Se não somos mais um país de sub-letrados, permanecemos um povo de sub-literatos. A língua escrita assusta porque é desconhecida.

E lá vem o argumento: a propaganda tem que ser popular, portanto entendida pelo mais ignorante dos consumidores. Mas não é só por isso que a propaganda usa a língua do Faustão, da Veja, da presidenta. Também porque quem faz a propaganda é quase tão “sub” quanto a quem ela se dirige.

A distância entre língua falada e língua escrita só é enorme porque é enorme a ignorância. [Webinsider]

…………………………

Leia também:

…………………………

Acesse a iStockphoto. O maior banco de imagens royalty free do mundo.

Acompanhe o Webinsider no Twitter e no Facebook.

Assine nossa newsletter e não perca nenhum conteúdo.

Fernand Alphen (@Alphen) é publicitário. Mantém o Fernand Alphen's Blog.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

Uma resposta

  1. Ótimo artigo!

    Nós somos aquilo que vivemos; aprendemos por repetição.

    Se os estímulos são continuamente fracos, a formação do indivíduo não há de ser outra.

    Abraços.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *