Sobre produtividade, (falta de) tempo e satisfação pessoal

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tempo
Trabalhe bastante. Descanse nos finais de semana. Tire 30 dias de férias por ano. Depois de algumas décadas, pode se aposentar. Respeite a hora de trabalhar, a hora de descansar e a hora de almoçar. São 8 horas de trabalho, 8 de sono e 8 para o lazer. O esquema é claro e aparentemente sensato e equilibrado.

Mas pense de novo… Nossa natureza não reconhece tal organização do tempo. Nosso relógio interno tem outro ritmo e outros planos. Nossas vontades e necessidades pessoais, biológicas e emocionais são caóticas e acabam sendo subordinadas à rotinas que fogem ao nosso controle. Talvez seja essa a razão de existir tanto estresse e insatisfação nos dias atuais. Os relógios internos e externos andam em completo descompasso.

Engana-se quem pensa que, sem esse esquema, nos tornaríamos improdutivos. Na verdade, as pessoas mais produtivas que conheço não seguem horários rígidos. Exercitam-se na academia enquanto você trabalha. Discutem projetos importantes enquanto você dorme. Pulam da cama no meio da noite quando aquela ideia aparece. Elas vivem de acordo com seus impulsos e, estranhamente, tais impulsos as ajudam a crescer pessoalmente e profissionalmente. Nelas alinham-se sentimento, pensamento e ação. As atitudes surgem de dentro para fora. Há sentido, satisfação e controle em suas ações. São autoras da própria vida. Senhores do próprio tempo. Trabalham no seu ritmo, independentemente da idade.

Olhai os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam – Jesus de Nazaré.

Em um estado de harmonia e integridade entre sentimentos, pensamentos e ações, não há divisão entre trabalho e descanso, entre a vida pessoal e profissional. Não há porque tirar férias, nem aposentar-se. O trabalho torna-se um passatempo e uma manifestação de si. Atinge-se a satisfação pessoal no momento presente, independentemente dos resultados obtidos. Quando respeitamos integralmente nossa natureza, somos sempre produtivos, estamos sempre fazendo o melhor possível e caminhando na direção certa.

Quando imposta e rígida, a organização do tempo torna-se um cabresto. Com a ilusão de regrar e balancear nossas vidas, ela acaba nos privando da real liberdade. A dúvida “o que faço agora” é a oportunidade perfeita para entrarmos em contato com nosso eu interior e decidirmos livremente o que fazer das nossas vidas. Pode ser que você não seja feliz trabalhando 8 horas por dia, tirando férias 30 dias por ano e se aposentando aos 65 anos. Permita-se trabalhar 12 horas, estender alguns feriados e aposentar-se aos 80. Permita-se trabalhar madrugada a dentro, sempre que tiver vontade. Permita-se tirar um tempo de folga quando estiver precisando de energia. Permita-se apenas resolver alguns assuntos e aproveitar o resto do dia.

Muitos veem uma relação direta entre tempo e dinheiro. Pensam ou sentem que se trabalharem menos, ganharão menos. Se trabalharem mais, ganharão mais. Mas será que tempo é dinheiro? Em uma análise superficial, sim. Contudo, se pensarmos novamente, veremos que o dinheiro está mais relacionado com demanda e escassez. Logo, ganhar mais dinheiro requer mais inteligência e diferenciação, não exatamente esforço e tempo. O Princípio de Pareto se aplica perfeitamente ao uso de nosso tempo: 20% dos esforços geram 80% dos resultados.

Por isso, não confunda produtividade com tempo. Nem realização pessoal com aposentadoria. Tampouco, “aproveitar a vida” com férias. Nem permita que seu valor próprio seja mensurado em esforço. Sua natureza não reconhece o tempo e não faz a menor ideia do que seja uma linha de chegada. Satisfação e realização não estão no futuro.

PS: Na palestra abaixo, Jason Fried nos faz refletir sobre a rotina e o ambiente de trabalho nas empresas. Com a pergunta “para onde você vai quando realmente precisa fazer uma tarefa?”, ele constata que os escritórios são ambientes incrivelmente improdutivos. Dê play, selecione as legendas no idioma português e assista à palestra “Por que o trabalho não acontece no trabalho”. Fantástico.

[Webinsider]

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Daniel Rodrigo Bastreghi é sócio administrador e Consultor de Marketing na DRB.MKT.

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