A comunicação rápida e o internetês têm contribuído para que o “r” do infinitivo seja deixado para trás. Com isso, a informação muda não só o sentido, mas também de pessoa verbal.
Um exemplo bem corriqueiro: “Quero pediR desculpas!” vira “Quero pedi desculpas!”.
O caso mais incômodo é o do verbo estar, que além de aparecer sem o “r”, muitas vezes vem acentuado! Uma salada de frutas gramatical do estar – está – esta, onde não se sabe qual deles escrever, mas qualquer coisa o corretor leva a má fama ou a própria correria cotidiana.
Eu escrevo como eu falo
A culpa pelo erro sempre cai na oralidade, pois em inúmeros casos a justificativa é: “Escrevo da mesma forma que falo!”. Mas não funciona bem assim. Algumas palavras no Português precisam de um olhar carinhoso ao serem escritas e os verbos no infinitivo são um exemplo, uma vez que podem mudar completamente o sentido da verdadeira informação.
Os mais letrados não estão livres do erro. Infelizmente muitos são os textos, dentro e fora das redes sociais, em que se suprimem a letrinha mais importante, quase a estrela da palavra, excluída sem cerimônias.
O “r” passa a ser o vilão do infinitivo, pois o que há de mal em apenas esquecer uma consoante?! Mas a tal consoante não funciona como enfeite, ela existe por motivos gramaticais e semânticos.
Por outro lado, há quem se posicione linguisticamente, alegando a famosa teoria da comunicação estabelecida. Ou seja, se o escrito foi entendido, então está perfeito. Mas o perigo vem do uso em documentos que podem, por exemplo, deixar um candidato fora de um concurso, vestibular ou muito mal no trabalho. Uma coisa é se apoiar na linguística, outra é conhecer as regras gramaticais, pois não se pode misturar as duas teorias, já que não andam de mãos dadas.
Para não errar na hora de escrever é preciso lembrar da existência dos dois infinitivos. O pessoal, que se refere às pessoas do discurso, como por exemplo: para eu amar, para tu amares, para ele amar, para nós amarmos, para vós amardes, para eles amarem.
E o impessoal que não se flexiona, ou seja, não muda, é mais genérico e vago, sua forma é invariável: “Para ler melhor, ela precisa de seus óculos” ou “Para ler melhor, eu preciso de meus óculos.”
É fácil o apoio no senso comum de que o Português é chato, cheio de regras e exigências, mas também é uma vergonha não dominar a própria língua, principalmente regras tão essenciais. Estudar através de boas gramáticas com linguagens mais acessíveis, ler bons livros e treinar a escrita são práticas importantes que evitam os erros mais grosseiros e auxilia fala/escrita.
Geralmente, quem escreve bem fala bem e vice-versa.
A Língua Portuguesa é rica e linda, quando bem escrita e falada. O apelo desesperado de muitos é que pelo menos se leia os textos antes de enviá-los, para não ser motivo de piadas pelo esquecimento da problemática consoante, afinal de contas digitar ou escrever a letra preciosa não fará cair a mão de ninguém.
A grande preocupação vem de uma escrita cada vez mais abreviada, de textos recheados de verbos sem o “r” e tantas outras regras quebradas, pois o pensamento enraizado de uma “língua chata” acomoda o aprendizado, diminui o interesse e povoa o planeta de pessoas que falam e escrevem mal.
A mudança é necessária e esperada, principalmente na fase escolar, pois algumas vezes a deficiência vem das séries iniciais e prejudica toda uma vida. [Webinsider]
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Uma resposta
Pois é, sou professor e esse erro me atormenta. O que me parece incrível é que cada vez mais vejo o erro oposto: uso do infinitivo no lugar do verbo conjugado. Exemplo real: “Já no gráfico com a cor cinza nos DAR informação sobre notificações de agravos feito pelo SINAN”. Isso me parece ter duas possíveis origens: 1) a pessoa não sabe qual forma usar, então escolhe o infinitivo por achar mais formal (por isso eu veria tanto em respostas nas provas); 2) a pessoa sabe que costuma errar e retirar o R quando deveria usar infinitivo, então, com medo de perder pontos, tasca R pra lá e pra cá.