Avanços na assimilação do Dolby Atmos

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Pequenos, mas significativos avanços no uso de qualquer tecnologia só são possíveis, a meu ver, com o tempo de uso. E mesmo assim, sobra espaço para dúvidas derivadas da ausência de experimentação.

Neste último caso, eu sou “réu confesso” pela incapacidade de levar adiante modificações ousadas na minha própria instalação. E esclareço logo de cara o seguinte: colocar caixas acústicas no teto da sala é um esforço que eu não pretendo fazer tão cedo, ou talvez nunca!

Enquanto isso, eu leio pela Internet analistas que se beneficiaram da demonstração oferecida pela Dolby afirmarem que a instalação de caixas Atmos no teto oferece menos qualidade na reprodução da trilha do que as caixas frontais com adaptação (“Atmos enabled speakers” ou “Add-on speakers”), angulados de baixo para cima. Isto já era de se esperar, considerando-se que a direcionalidade de caixas no teto poderiam em tese prejudicar a ambiência necessária ao espalhamento pretendido na codificação da trilha Atmos.

Sorte nossa, que assim poderemos ter uma motivação a mais para não usar o teto e sim caixas adaptadas no chão da sala, bem mais fáceis de montar. Isto sem falar de tetos irregulares ou rebaixados, que poderiam ser o prego final no caixão deste tipo de instalação. Eu me arriscaria a dizer que a instalação de caixas no teto só deveria ser contemplada nos casos onde a instalação do home theater começar do zero, e não nas adaptações das salas já existentes.

E é neste tipo ponto que se poderia ponderar que o Dolby Atmos foi previsto para ser adaptável à sala 7.1 atual do usuário como, aliás, já comentado em um texto anterior desta coluna.

O esquema abaixo, retirado de um manual de um receiver, mostra todas as opções das instalações convencionais:

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Os fabricantes de processadores e receivers chamam a atenção para a necessidade de instalação de conjuntos de caixas frontais superiores, chamadas de Front Height, mostradas na figura com as abreviações FHL (Front Height Left) e FHR (Front Height Right), esquerda e direita, respectivamente, ou então, de um par de caixas surround back (SBL e SBR). Sem isso, o Dolby Atmos não funciona!

O esquema acima não mostra, mas é também necessário que ambas as caixas Height e Back sejam instaladas na parte superior da sala, como mostrado, por exemplo, no esquema abaixo:

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A figura exibe uma caixa Height apontando para baixo, mas em tese não é necessário que assim o seja, dependendo da altura onde elas são instaladas. Na verdade, caixas Height foram inicialmente propostas quando a Dolby lançou o decodificador Dolby ProLogic IIz, antes disso as caixas não tinham praticamente utilidade para mais nada.

É importante não esquecer que o objetivo principal do Dolby ProLogic IIz era justamente aumentar o espalhamento de som na parte superior da sala, portanto não muito distante do que foi depois proposto com o emprego do Dolby Atmos.

E é por isso, em última análise, que se o usuário não dispõe de caixas Atmos, ele ou ela ainda assim podem se valer das instalações convencionais e conseguir resultados convincentes, no sentido do espalhamento do som em camadas mais altas da sala.

Sem caixas Height ou Surround Back este espalhamento seria inviável, mesmo que o usuário resolva apontar as caixas surround laterais para cima!

Então, os fabricantes de processadores e receiver paternalisticamente impedem a reprodução do Dolby Atmos se o sistema detectar a ausência de pelo menos uma dessas caixas.

No caso de um receiver 7.1 com apenas uma configuração para Dolby Atmos, ela seria obrigatoriamente 5.1.2 (5.1 com duas caixas Atmos), e assim não nos causa surpresa que seja oferecido uma única saída para qualquer dos tipos de caixa:

image005

 

Feito isso, e para se ter certeza de que a reprodução esteja correta, é ainda preciso informar que tipo de caixa estará conectada nestes terminais, e as opções são invariavelmente as seguintes: Front High (caixa Height), Top Front (caixa no teto, na frente da sala), Top Middle (caixa no teto, no meio da sala), Dolby Enabled Front ou Dolby Enabled Surround. Os nomes anteriormente listados podem variar entre fabricantes, mas eles basicamente se referem ao mesmo arranjo.

Em equipamentos 7.1 com saídas separadas e caixas Atmos instaladas, o equipamento pode converter automaticamente a reprodução entre 7.1.0 e 5.1.2. Aí se torna mais ou menos óbvio que se o usuário quiser ser perfeccionista ele terá que instalar um receiver 9.1, com possibilidade de utilizar o conjunto de caixas nas configurações 7.1.0 e 7.1.2. Se isto é radicalmente necessário, somente a experimentação do usuário poderá dizer.

 Novas trilhas para se fazer testes

Sem muito alarde, as trilhas Atmos vêm aparecendo em discos Blu-Ray modernos e em reedições de filmes mais antigos, com nova mixagem, entre eles o conhecido “O Quinto Elemento”, de Luc Besson. Se o leitor pesquisar ele poderá encontrar a maior parte desses discos nas revendas brasileiras.

Para efeito deste texto eu assisti ao filme “Jupiter Ascending” (“O Destino de Jupiter”), que sofreu duras críticas das hordas de usuários que frequentam as páginas do IMDb. Deixando de lado a estória, roteiro, atores e outros aspectos, o filme em si contem uma série de segmentos de ação, que se prestam à mixagem pretendida. De fato, visual e auditivamente, o filme é um primor, exibindo uma dinâmica na trilha sonora bastante ampla, e sem os exageros cometidos no seu congênere “Transformers: A Era Da Extinção”, já comentado nesta coluna. Talvez seja proposital o uso de toneladas de graves no LFE deste tipo de cinema. A meu ver, não há necessidade que assim o seja, e na minha opinião enfeia a mixagem. Claramente, o Dolby Atmos não precisa deste tipo de recurso para ser corretamente apreciado.

O interessante neste tipo de lançamento é que os realizadores dos filmes podem fazer a nova mixagem com o uso do Dolby Atmos sem prejuízo algum do usuário que não possui equipamento com decodificador apropriado. O disco Atmos será tocado normalmente em qualquer equipamento ou instalação de caixas, embora seja aconselhável o mínimo de 5.1 ou até 7.1 se for possível.

A trilha sonora de “Jupiter” é escolhida na linguagem original (inglês) e não mais pelos codecs Dolby TrueHD e Dolby Atmos separadamente. Até porque não faz sentido, como explicado acima.

O Dolby Atmos reverteu a expectativa de mercado nas trilhas dos discos Blu-Ray. Quando de seu lançamento a maioria dos discos com áudio de alta resolução era editado com Dolby TrueHD, e só uns poucos com DTS HD HR. Mas, os anos passaram e ficou mais difícil achar um disco com Dolby TrueHD, porque a maioria dos relançamentos já havia sido autorada com DTS HD MA.

Anos atrás, eu fiz um questionamento ao suporte da Dolby sobre a ausência completa de discos com trilhas Dolby TrueHD, e um técnico me informou que a carga de processamento (“workload”) do software codificador havia tornado a autoração muito lenta e antieconômica para os estúdios.

Um novo software codificador foi desenvolvido, mas rapidamente substituído pelo do Dolby Atmos, e através dele é possível incorporar o codec aos já existentes, seja o Dolby TrueHD ou o Dolby Plus, usado em streaming comercial. A incorporação é feita na forma de uma extensão, que é ignorada em equipamentos não compatíveis com o Dolby Atmos.

Assim, o usuário pode ficar tranquilo ao investir em um disco com trilha Atmos e ter nele uma audição renovada em um futuro a ser determinado.

Os laboratórios Dolby estarão, entretanto, tendo que encarar a concorrência. A perda de espaço do DTS HD MA será compensada com a introdução do DTS:X, com o mesmo tipo de mixagem orientada por objetos e não por canais.

No final, quem ganha é o usuário, porque todos os novos codecs são retro compatíveis e a qualidade dos mesmos é auditivamente superior. [Webinsider]

Leia também:

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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2 respostas

    1. Oi, Allan,

      Obrigado pelo link. Eu mencionei esta tecnologia de disco de video com agulha durante uma palestra. Eu nunca vi um desses na minha frente, mas usei Laserdisc durante alguns anos, em cuja mídia aconteceram uma série de avanços. Foi com LDs que eu comecei a aprender o que fosse possível sobre Dolby Digital, conhecimentos que me são caros até hoje.

      Sobre o ambiente dos cinemas eu concordo 100% contigo. Mas, em mil novecentos e antigamente, quando havia bagunça dentro de um cinema, lanterninha nenhum conseguia controlar. Às vezes a sessão parava, e muita gente era colocada para fora. Então, quem passou por aquilo tudo hoje em dia se incomoda com a luz dos celulares é verdade, mas isto é pinto comparado com aquela multidão de marginais daquela época.

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