Dolby Surround Upmixer

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RP-280FA-Studio-Social-3O nome de fantasia “Dolby Surround” é o mesmo, mas o contexto onde ele hoje se insere é muito diferente daquele encontrado nas décadas de 1970 e 80, e que se tornou sinônimo do primeiro formato doméstico de som multicanal.

O rótulo “Dolby Surround” passou a ser impresso na fáscia de televisores e receivers, bem no início do home theater, impulsionado por material de vídeo ao invés de filmes em película.

Tratava-se então da “descoberta” de que um programa gravado em Dolby Stereo poderia ter esta trilha literalmente transcrita sem perder a sua capacidade de decodificação de dois para quatro canais, um deles surround mono.

Os circuitos de decodificação eram passivos, isto é, sem alimentação de corrente elétrica, e tinham algumas limitações. Por causa destas últimas foi desenvolvido uma decodificação em chip, batizada com o nome de “Dolby ProLogic”. Nos anos 1990, tudo isso foi substituído pelo Dolby Digital, que contemplou tanto o Dolby 2.0 estéreo convencional como o Dolby 2.0 matricial do cinema.

Dolby Surround Upmixer

Mas, tudo isso é passado. O mesmo rótulo, acrescido tecnicamente da palavra “Upmixer”, volta ao cenário do mundo do áudio, mas ainda sem a projeção que merecia. Eu mesmo posso me culpar disso, ao mencioná-lo “en passant” em um texto sobre a construção de caixas Atmos.

O novo Dolby Surround substitui por completo todos os algoritmos ProLogic anteriores, incluindo os formatos II, IIx e IIz. No entanto, é preciso mencionar que as caixas Height do ProLogic IIz mudam agora de posição, para completar o layout Dolby Atmos, ou seja, só é possível usar o novo Dolby Surround se a instalação pertencer ao domínio do Atmos e não do ProLogic IIz.

O que é e o que muda

O Dolby Surround Upmixer, conhecido também como DSU, é um recurso que pertence ao decodificador do Dolby Atmos, capaz de reproduzir em todas as caixas instaladas as trilhas com 2 ou mais canais, indo até o formato 7.1, podendo abranger codecs além daqueles usados pela Dolby, a critério dos fabricantes de equipamento.

Via-de-regra o DSU se detém na análise de trilhas Dolby Legacy e trilhas Dolby de alta resolução mais modernas. Em ambas a análise consiste no exame do fasamento e do ganho dos sons, distribuídos e espaçados por faixas de frequência, após o que o DSU faz o deslocamento espacial, de acordo com a distribuição de caixas Atmos no sistema.

Este exame é dinâmico e ocorre durante o processo de reprodução. Existe ainda um controle opcional, capaz de espalhar lateralmente o conteúdo dos canais frontais.

Não existem que eu tenha percebido maiores explicações sobre esta análise. Para nós leigos, sons em fase, mas com amplitudes diferentes entre canais adjacentes irão tornar o som identificável em uma determinada posição no espaço. Sons fora de fase soam difusos e com pouco foco, sendo difíceis de serem localizados espacialmente.

Funcionamento

Presume-se que o maior número de caixas no sistema irá tornar esta análise mais precisa proporcionalmente, em particular o número e posição das caixas Atmos.

Aqui quero lembrar que existem basicamente três tipos de montagem de caixas Atmos: a do teto, a do topo da parede e as de elevação.

Eu fiz testes com caixas de elevação, do tipo “Add-on”, já mostradas na coluna, e com as mesmas caixas, só que no topo da parede (Height), anguladas em direção ao ponto principal de assento (“sweet spot”).

As caixas nesta posição foram colocadas na parte da frente da sala, acima das caixas dos canais frontais esquerdo e direito. Idealmente, eu deveria instalar mais duas caixas idênticas na parte traseira da sala, acima das caixas surround back, mas no meu caso exigiria não só novas caixas, mas também uma amplificação de mais dois canais por fora, e por isso o projeto de teste foi postergado sine die, pelo quê eu lhes peço desculpas.

Resultados apreciados com perspectiva auditiva pessoal e sem medição são, por natureza, subjetivos. Portanto, o que está descrito a seguir deve ser lido com reservas:

Não há dúvida que melhores resultados são obtidos pela mudança da configuração 5.1.2 inicial com caixas Atmos “up-firing”, empurrando o som do chão para o teto, para o layout 9.1.2 com caixas Height instaladas na parede frontal e próximas ao teto, não só por causa da elevação das caixas Atmos, mas também porque não existe nenhuma chance de reflexão do som no teto para ricochetear e voltar para baixo.

Em face desta comparação, a conclusão óbvia é que caixas “up-firing” são bem menos eficientes na distribuição espacial do som do que caixas Height ou In-ceiling (no teto ou sobre o teto).

A maior prova de que fontes de menor número de canais são significativamente beneficiadas eu consegui com a audição do velho e bom CD “Surround Spectacular” (Delos DE3179). É um CD duplo, com uma parte só de músicas codificadas em Dolby Surround. O detalhamento é algo impressionante, sem falar no aumento da ambiência provocada pela acústica do local onde as gravações foram feitas.

Note-se que em se tratando de um CD, portanto PCM @ 44.1 kHz/16 bits, a fonte de sinal é identificada como PCM estéreo e necessita o acionamento manual do Dolby Surround moderno pelo controle remoto do equipamento.

Ainda mais impressionante foram cenas de filmes como Tron (o primeiro deles, em 5.1) e de Star Trek VI: The Undiscovered Country, em 7.1. Neste último, logo na primeira remixagem em Dolby Digital 5.1 para a edição em Laserdisc é possível notar um aumento de ambiência na cena onde Kirk e McCoy são julgados pelo tribunal Klingon. Em Dolby Surround a sensação é de que a plateia ocupa a sala toda!

Aperfeiçoamento das trilhas

Depois de colecionar nada menos do que nove filmes com trilha Dolby Atmos e observando resultados conflitantes nos meus ouvidos e lendo depois observações parecidas de outros usuários, espalhadas pela Internet afora, a impressão que me dá neste momento é que ainda se tem um longo caminho a percorrer no tratamento da mixagem.

Inicialmente eu achava que as limitações estavam ao nível das caixas Enabled, e de fato essas limitações existem, mas não ao ponto de impedir o espalhamento de som na parte superior da sala.

O que aparenta estar acontecendo é que os técnicos de mixagem ainda não conseguiram explorar os limites do sistema, e isto é bastante natural, em se tratando de um formato novo. Talvez em um futuro mais à frente estas limitações de espaço desapareçam.

A presença do Dolby Surround neste particular aparenta nivelar a qualidade de trilhas não codificadas em Atmos com aquelas que receberam o novo tratamento, e isto é muito positivo.

O Dolby Surround é, em última análise, uma garantia de retro compatibilidade que o Dolby Atmos tem com relação à mixagem orientada por canais ao invés de orientadas por “objetos” como são todas as trilhas antigas.

Por outro lado, existe uma dificuldade que eu pelo menos não consegui contornar que é o distanciamento de apreciação derivado do exagero de efeitos visuais e auditivos contidos nos filmes modernos.

Dos nove filmes com Atmos que eu colecionei até agora eu conto nos dedos os filmes que não têm este tipo de problema. No meu entendimento o som é parte integrante da narrativa, envolve o espectador, mas não pode jamais distrair ou cansar quem assiste, sob pena de acabar causando algum tipo de irritação mental pelo excesso de ruído.

As trilhas sonoras clássicas dão até hoje um toque sentimental que ajuda a transmitir a mensagem escrita no roteiro, e no final passam a fazer parte integrante do filme e da estória. Assim, o pior que pode acontecer é a plateia odiar o filme por causa da trilha sonora ou da mixagem.

Técnicos da Dolby consideram “Gravidade” um bom exemplo de mixagem. De fato, existem méritos neste trabalho como, por exemplo, o deslocamento do diálogo em várias posições da sala, mas eu ainda acho que poderia ser bem melhor.

Se outras trilhas de melhor nível ainda estão por vir só o futuro dirá, mas eu acredito que este futuro está bem mais próximo do que se imagina.

Neste interregno, o valor do Dolby Surround para ressuscitar boas trilhas antigas é o que nos assegura que o formato do Dolby Atmos tem futuro! [Webinsider]

Leia também:

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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