Reprodutor UHD para Blu-Ray 4K cercado de dúvidas e incertezas

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Blu-ray 4K

Blu-ray 4KPelo que me consta, ninguém aqui sabe, ninguém viu. Aparelhos reprodutores para Blu-Ray com capacidade de tocar discos Blu-Ray 4K UHD poderiam já ter entrado no mercado consumidor local, mas não se percebe nem a sombra deles, nem anúncio, nada.

Lá fora, o que se nota também é que até agora somente três empresas se aventuraram em lançar um modelo UHD: Samsung, inicialmente, depois Panasonic e Philips.

As primeiras análises sobre discos UHD esbarraram em idiossincrasias entre player e TV, o que se era de se esperar devido à introdução do famigerado HDCP versão 2.2, um vexame!

Mas, nem isso explicaria o obscurantismo que cerca o novo formato. Se fosse só aqui no país, eu entenderia. Afinal, nos últimos meses não passa um dia sem o noticiário dar conta de alguma operação policial à cata de políticos corruptos para serem levados à justiça.

Sem falar nos intermináveis esquemas de corrupção, que levaram o erário federal à quase bancarrota, quebradeira geral seguida de desemprego em massa, e a inadimplência perversa dos estados e municípios. Em um ambiente desses se justifica que a indústria pise no chão com cautela e evite levar à frente algum projeto aventureiro.

Ainda não pegou

Não pode ser só isso! Eu confesso que ainda não consegui captar porque a grande maioria dos fabricantes lá de fora não aderiu ao formato. Não obstante, posso especular alguns motivos:

O sinal em UHD é visivelmente melhor, mas duvido, e faço pouco, que assim o seja para a grossa maioria dos consumidores, principalmente os que usam telas pequenas.

Se agora mesmo eu lançar mão de um disco Blu-Ray convencional e reproduzi-lo em um sistema de boa qualidade, com uma tela, digamos, de umas sessenta e cinco polegadas, o resultado final é irreprochável. Sem falar no fato de que eu não preciso de um disco UHD para conseguir áudio de alta resolução e em 3D.

Mais caro

O disco UHD é desnecessariamente mais caro, coisa que nunca é novidade toda vez que um formato novo é lançado. Mas, não há sinal aparente que o preço vá cair, o que certamente deixa potenciais consumidores desanimados com o investimento.

O formato UHD deixou de ser novidade. Para ver como é basta uma assinatura local de um provedor de streaming com esta capacidade e uma TV com decodificador HEVC no aplicativo de recepção.

O apoio de software não é dos melhores: trata-se de reeditar os mesmos filmes, só que com nova master. Se o usuário der sorte, a trilha é de qualidade um pouco melhor, digamos com a inclusão do Dolby Atmos. Isto obriga quem já comprou um determinado título de fazê-lo de novo.

Além disso, a quantidade de lançamentos ainda é pequena para justificar a melhoria. No Brasil, especificamente, não se nota movimento algum de lançamento de discos UHD que eu tenha percebido.

A este respeito, historicamente software e hardware são obrigados a caminhar juntos no mercado, sob o risco de fracasso na implantação e desenvolvimento de qualquer formato.

Nós já vimos este filme antes, principalmente na área de microinformática: na década de 1980, a Apple inovou no mercado, desafiando a IBM, ao copiar e desenvolver a plataforma de interface gráfica vinda do Xerox Parc, braço de pesquisa daquela empresa.

Com o tempo, perdeu feio para os micros rodando em ambiente Windows, pelo simples motivo de que, nestes últimos, o usuário não precisaria trocar de máquina. Além disso, todas as software-houses começaram a desenvolver aplicativos para o ambiente Windows, ao contrário da Apple, que ficou falando sozinha no mercado, com aquela velha mania de ter tudo proprietário.

Lá pelo meio da década de 1990 a maioria de nós usuários começou a montar computadores sofisticados em casa, com o mercado abastecido de hardware vindo da Malásia, Taiwan, China, etc. Com um Mac, a mesma tarefa teria sido virtualmente impossível. E notem que foi por causa da arquitetura aberta da IBM que o mercado viu surgir componentes importantes com preços abordáveis e com aperfeiçoamentos de performance.

Mercados sem abertura de competição levaram, por exemplo, a Sony a abandonar formatos como o Betamax ou o Minidisc (MD), ou a Philips o DCC (Digital Compact Cassette).

Antigamente, muitos formatos e equipamentos de áudio prometeram sair do laboratório, anunciados na imprensa especializada, e depois… Nada! Passaram a ser classificados como “vapourware”, ou hardware que acabou no éter, se quiserem, termo este emprestado da microinformática.

É possível que ainda seja cedo para diagnosticar o potencial fracasso de mercado do Blu-Ray UHD a 4K, mas pelo andar da carruagem, e se nada de novo aparecer neste cenário, é por aí mesmo que o caminho deste formato irá tomar seu rumo. [Webinsider]

. . . . .

Leia também:

http://br74.teste.website/~webins22/2016/07/13/in-cinerama/

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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Uma resposta

  1. Aqui no Brasil ainda é muito pior, além de não vermos nenhum indicio do Blu-ray 4k no mercado consumidor, ainda presenciamos o Blu-ray comum desaparecer das lojas físicas, tanto as mídias como os reprodutores. Sem contar as grandes empresas que lançam alguns filmes apenas em DVD no Brasil. O colecionador de filmes em mídia física passa por dificuldades hoje em nossa pátria.

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