A emulação digital dos antigos tape decks profissionais

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket
tape-decks-profissionais
Studer J37
Studer J37

Não é só o saudosismo que motiva técnicos ou engenheiros em resgatar a qualidade de desempenho dos antigos decks de fita magnética.

Muitos desses aparelhos, que equiparam anos seguidos os estúdios da indústria fonográfica, deixaram marcas indeléveis no histórico desses estúdios e dos profissionais envolvidos com eles.

Em se tratando de gravadores de fita magnética destinados ao uso em estúdios, o mundo bem que poderia ser dividido em duas partes: uma, que usava máquinas Ampex, e a outra, equipada com máquinas Studer, eu diria Estados Unidos e Europa, respectivamente.

Conversando agora pouco com o Nolan Leve, engenheiro que passou mais de 25 anos de sua vida em estúdios de gravação de música, ele me fala que no seu círculo de convivência os Ampex eram os gravadores que todo mundo tinha e os Studer eram os que todo mundo queria ter!

O último dos Ampex que o Nolan viu trabalhando nos estúdios cariocas foi o modelo MM1200, de 16 canais. Esta máquina tinha na sua linha modelos de 8 ou 16 canais, para fitas de 1 polegada, e 16 ou 24 canais, para uso com fitas magnéticas de 2 polegadas.

As máquinas Studer ganharam muita fama, principalmente depois dos anos em que o modelo J37 foi comprado pelo estúdio EMI da rua Abbey Road em Londres, na década de 1960. O J37 foi usado extensamente nesta época, para experimentações em gravações multicanal. O estúdio havia se tornado, vamos dizer assim, a “casa” do Beatles, e dai saíram os seus principais álbuns em elepê, primeiro mono e depois estéreo.

Nos estúdios cariocas que se livraram dos Ampex em tempo hábil, o Nolan me conta que uma das principais máquinas usadas era o Studer A800.

Nas minhas poucas visitas a estúdios, eu vi decks Studer usados tanto para as gravações propriamente ditas, quanto para masterização em dois canais, destinadas a elepês e depois CDs. Além disso, fitas magnéticas analógicas foram usadas até recentemente para arquivamento. Eu tive a chance de assistir uma sessão de mixagem e masterização para 5.1 canais, no estúdio da Som Livre, destinada para mídia ótica comercial, com o uso de dois decks Studer multicanal em síncrono.

O resultado sônico era impressionante e mostraria a qualquer um o impacto que o som analógico conseguia levar aos ouvidos de qualquer um habituado com som de alta qualidade e resolução.

Tape recorders

Obviamente que de longa data para cá as matrizes analógicas vêm servindo de base para a transcrição de material de alta resolução, seja para CD (master de até 24 bits) ou SACD e DVD-Audio, ou ainda para baixar em PCM ou DSD.

As melhores transcrições são justamente aquelas nas quais os técnicos de masterização conseguem recuperar a qualidade original sem adulterar o conteúdo com qualquer tipo de processamento de sinal. Empresas como a Analogue Productions, por exemplo, vem comercializando SACDs ou elepês com este tipo de preocupação. Em muitos casos, os resultados são excelentes. E curiosamente, alguns desses lançamentos mostram evidências de deterioração da fita matriz, quase irrecuperáveis com softwares de preservação.

O resgate da memória

Uma das táticas mais empregadas em processamento de dados é o aumento do escopo de atuação de um determinado programa com a ajuda de extensões ou plug-ins. Através delas se obtém a instalação no programa base de um programa secundário, qual seja a extensão propriamente dita, a qual usa seus recursos e completa tarefas não previstas no programa original.

Na era digital, com a conversão dos estúdios de gravação, muitos deles mantiveram decks analógicos, e os utilizam constantemente. E, no entanto, o custo da manutenção, somado à falta de peças ou matéria prima, fez com que se optasse pelo descarte puro e simples dessas máquinas.

É uma pena, mas a realidade mudou, e com ela o reaproveitamento do espaço físico e o aumento da economia, que têm sido fundamentais para manter muitos estúdios abertos. Aliás, o fechamento de estúdios importantes no mundo todo é uma perda inestimável, frente ao histórico que muitos representaram. Só no Rio de Janeiro, fecharam, que eu saiba, os estúdios da Polygram, CBS, RCA, EMI (Odeon), Som Livre, além do lendário estúdio da Musidisc.

A solução para o descarte de equipamentos está na forma de plug-ins que são oferecidos como extensão de programas de editoração de áudio. Um deles, mostrado abaixo, emula o Studer A800 MK II:

O número de extensões varia de acordo com a software house que escreve o programa fonte. Um exemplo disso é o programa Pro Tools, muito usado nos estúdios de longo tempo para cá. Alguns plug-ins são incluídos gratuitamente, e outros adquiridos de acordo com o interesse do cliente.

A elaboração de extensões é possivelmente fruto de tarefa terceirizada por quem vende o programa de edição. O julgamento da qualidade das mesmas ficará por conta do técnico de gravação, caso ele tenha tido alguma experiência de trabalho com o deck que está sendo emulado.

Pelo visto, acha-se de tudo, até a emulação do lendário Studer J37, em uso na década de 60 e em exposição no pequeno museu dentro do estúdio EMI em Abbey Road.

Para os programas que aceitam extensões VST (Virtual Studio Technology) existe a opção de instalação dos plug-ins de acordo com o programa fonte.

Muitos desses plug-ins são gratuitos. Pode-se achar inclusive emuladores do velho Sintetizador Moog, portanto diversão para todo mundo. Quem quiser, que se habilite! [Webinsider]

http://br74.teste.website/~webins22/2017/05/24/desbravadores-da-gravacao-de-audio-digital/

http://br74.teste.website/~webins22/2017/05/15/musicais-antigos-e-o-home-theater-moderno/

. . . . . . .

Leia também:

. . .

http://br74.teste.website/~webins22/2017/03/24/filme-miles-ahead-e-uma-homenagem-miles-davis/

http://br74.teste.website/~webins22/2017/04/03/caixas-com-cds-movimentam-o-mercados-de-discos-com-discricao/

http://br74.teste.website/~webins22/2013/03/17/cinavia/

http://br74.teste.website/~webins22/2017/03/10/um-festival-de-enganacao/

http://br74.teste.website/~webins22/2016/11/01/alternativas-inovadoras-para-a-iluminacao-de-telas-lcd/

http://br74.teste.website/~webins22/2017/01/16/disputa-das-telas-de-tv-prometida-para-este-ano/

http://br74.teste.website/~webins22/2017/03/15/incoerencia-da-industria-de-audio-e-video/

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *