O declínio das gravadoras e a produção independente

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A transformacão digital mudou a forma de vender música várias vezes: o abandono dos elepês, a introdução do CD, os downloads e hoje o streaming domina amplamente.

 

Eu assisti algumas entrevistas com o falecido produtor de discos Shelby Singleton, já idoso, ele fazendo um recordatório da sua rica e extensa trajetória. Em um dado momento, e notem que estas entrevistas não são tão antigas assim, Singleton comenta que a forma de vender música mudou drasticamente, primeiro com o abandono dos elepês, a introdução do CD, etc., e prevê que os downloads vão acabar fazendo as lojas de disco desaparecerem. Não deu outra!

Provavelmente, na época da entrevista, Singleton ainda não havia contemplado a oferta de música por streaming, a qual, por seu turno, massacrou a oferta de compra de música por download.

Lições de vida, aprendidas em uma trajetória

Shelby Singleton se iniciou na área de promoção de discos com a primeira mulher, Margie Singleton, que era cantora. Com o passar do tempo, ele foi convidado para trabalhar na Mercury Records como promotor de discos para a área sudeste dos Estados Unidos. Mais tarde, iria trabalhar para a Polygram, viajando para Europa, onde conheceu e produziu grupos de lá, conseguindo enorme sucesso.

A sua fase na Mercury, que começou em 1957, fez a gravadora adquirir direitos sobre discos de Rock & Roll que fizeram grandes sucessos nesta fase. Anos depois, ele mesmo compraria a Sun Records, berço deste tipo de música.

A sua tática era costumeiramente a da compra das fitas matrizes (master tapes), o que lhe permitiria mandar prensar e vender discos que acabaram fazendo enorme sucesso. O interessante é que vários catálogos de gravadoras, como a própria Mercury, Polygram, etc., seguiram a mesma sistemática, e foram também adquiridos pelo grupo da Universal (Universal Music Group), que passou a ter direitos de vender esses discos ou de licenciá-los.

A base de trabalho de Shelby Simpleton era Nashville. Depois de sair da Mercury em 1966, ele ainda fundou duas gravadoras, SSS International e Plantation Records, colecionando sucessos produzidos por ele.

Em 1969, Simpleton adquiriu a gravadora Sun Records de seu fundador Sam Phillips, disse ele, com uma certa relutância do mesmo. Mas, isso lhe deu o direito sobre tudo que a Sun Records havia conseguido com aqueles artistas que ficaram famosos na participação de discos de Rock & Roll. Após o seu falecimento, a Sun fez um obituário com os dados mais relevantes do produtor.

O declínio das gravadoras

A quantidade de material sobre antigos estúdios e gravadoras, que é produzido e divulgado pela Internet tem a sua razão de ser, porque a maioria deles fechou, vive de turismo, ou sobrevive prestando serviços a terceiros.

Não é preciso ir muito longe. Aqui mesmo no Rio de Janeiro, estúdios como CBS, Polygram, EMI Odeon, Musidisc, RCA, Som Livre, e vários outros, fecharam as portas. E etiquetas de estúdios, que outrora venderam muitos discos, como por exemplo, a Continental, foram todas pelo mesmo caminho. Por causa disso, fica a critério de quem detém os arquivos fonográficos do que restou reeditar e relançar discos de épocas remotas.

 

É até hoje, impressionante, o número de músicos, compositores e intérpretes do mundo todo que caíram no esquecimento. Não é só a mudança de gerações do público que propiciou isso, mas principalmente porque também os meios que se dispunha de promover alguém ou um estilo de música como naquela época parece que não existem mais.

Se existe alguma perda importante em tudo isso é a perda da memória, motivo pelo qual eu entendo perfeitamente porque aparecem tantos vídeos e depoimentos vindos da América do Norte, onde as vendagens de discos foram astronômicas e as perdas também.

Alguns artistas famosos, inclusive os daqui, ficaram ricos ou abastados, mas a aquisição dos fonogramas pelas UMG da vida, que transformou em comodities a música gravada, raras são as vezes em que os artistas que a produziram sejam lembrados em termos de direitos autorais.

Toda vez que eu fico sabendo das condições financeiras precárias em que morreram grandes artistas do passado, eu prefiro não questionar se foi por esbanjar dinheiro ou pelas dificuldades naturais de sobrevida, porque os estúdios por onde eles passaram ficaram com a maior parte dos lucros das vendas, e hoje esse lucro sobrou só para quem investiu nesta memória. Outrolado_

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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