Clássicos da MGM em 70 mm

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Entre os vários clássicos da MGM em 70 mm uma das apresentações mais memoráveis foi a do filme Sete Noivas Para Sete Irmãos, cujo negativo foi, infelizmente, danificado ao ser feita a nova cópia.

Entre os vários clássicos da MGM em 70 mm uma das apresentações mais memoráveis foi a do filme Sete Noivas Para Sete Irmãos, cujo negativo foi, infelizmente, danificado ao ser feita a nova cópia.

 

Durante a febre dos lançamentos em 70 mm, vários cinemas modificaram as suas aparelhagens e reapresentaram filmes originalmente rodados em 35 mm, agora exibidos em telas panorâmicas da nova bitola.

Todo mundo da minha geração e que morava na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, frequentou os cinemas de rua da Praça Saens Peña, logradouro central do bairro. Em uma incrível coincidência, eu estava indo de ônibus para casa, quando vislumbro na marquise do Cinema Rio, um dos meus favoritos, o anúncio do filme da MGM “Sete Noivas Para Sete Imãos”, com projeção em 70 mm.

Desnecessário dizer que eu fui correndo assistir o filme. Na porta do cinema, um cartaz escrito à mão conta que havia sido instalado um sistema de projeção “Todd-AO” (não era bem assim), com equipamento de som “transistorizado”.

Lá dentro, a enorme tela ainda estava sendo instalada. A projeção, entretanto, era magnífica, e o som então nem se fala. Olhando agora uma documentação a este respeito, eu compartilho o poster original desta apresentação:

O trailer promocional da Warner Brothers, detentora do catálogo da MGM, anuncia a nova projeção:

O Cinema Rio é, desde muito tempo, uma agência bancária da Caixa Econômica. Uma vez eu entrei lá dentro, e me deu dó, porque nada do cinema havia sobrado, tudo destruído. Ou seja, quem viveu aquele momento de prazer indescritível nunca mais iria revivê-lo!

Como Sete Noivas foi rodado

O histórico da MGM em filmes musicais foi muito rico, e vários daqueles filmes se destacam até hoje.

Sete Noivas Para Sete Irmãos faz parte do início do CinemaScope. A Fox liberou o formato, e vários estúdios se aproveitaram disso. A fotografia anamórfica foi enquadrada para telas na relação de aspecto 2.55:1, com som estereofônico magnético de 4 canais.

A MGM foi pioneira no filme “widescreen”, na proporção de 1.78:1 ou equivalente, com som estereofônico de alta qualidade. Como, naquele momento, nem todo cinema estava adaptado para a projeção em CinemaScope, filmes como Sete Noivas tiveram que ser rodados duas vezes, uma em CinemaScope e a outra em widescreen.

Na edição em Blu-Ray da série Archive Collection, a Warner transferiu as duas versões. O negativo em CinemaScope foi aproveitado para a versão em 70 mm, na proporção 2.20:1 (70 mm plano), com manutenção do diálogo direcional. Infelizmente, ao fazerem isso o negativo foi danificado, e dá para ver isso bem no início do filme em Blu-Ray.

Aparentemente, esforços de restauração não foram suficientes para contornar os danos do negativo. Então, a cópia CinemaScope em Blu-Ray sofre de dois problemas, um deles causado pelos danos do negativo e o outro pelas lentes usadas naquela época. O Orion Jardim de Faria uma vez comentou comigo que aquelas primeiras lentes anamórficas não tinham um “corte” que permitisse capturar uma imagem mais nítida, e eu acrescento que com a conhecida distorção visível no centro da tela.

Mas, a beleza do filme compensa tudo isso: o roteiro é baseado no “Rapto das Sabinas”, e escrito de forma extremamente leve. A MGM tinha o sensato hábito de aproveitar as virtudes musicais de seus atores, e aqui se pode vê-las em Howard Keel e Jane Powell, barítono e soprano, respectivamente, duas das melhores vozes do estúdio. A propósito, Howard Keel se apresentou em Cardiff quando eu a minha família estávamos morando lá, mas eu desisti de ir levando a tropa, quando vi que o preço dos ingressos era exageradamente elevado, uma pena.

O roteiro de Sete Noivas não é só sobre o rapto. O filme denuncia com clareza a distorção das antigas uniões dos casais, quando a mulher fica restrita ao papel de cozinheira. Adam Pontipee, no final, leva uma lição de moral de sua mulher Milly, aliás, muito bem dada, que serve de exemplo a todos os seus irmãos. Notem que se trata de um filme de 1954, parece que um prenúncio das mudanças sociais nas décadas seguintes, onde as mulheres se educaram e foram para o mercado de trabalho.

Mas, o que impressiona na personagem Milly é que ela não se intimida diante dos desafios, arregaça as mangas (visto em uma cena) e encara o que vem pela frente! Em nenhum momento do filme ela deixa de perceber que a sua posição como mulher de Adam não pode ser desculpa para que ela seja tratada como criada. E, mais ainda, ela mostra aos irmãos que as mulheres tem que ser respeitadas e valorizadas.

Sete Noivas Para Sete Irmãos é, a meu ver, um filme antológico, fruto de uma estrutura de estúdio posteriormente condenada, mas que acabou criando um cinema de alta qualidade, não só na parte técnica, mas principalmente no lado artístico!

Para mim, aquela apresentação do filme em 70 mm, dentro de um dos meus cinemas favoritos, foi inesquecível. Por causa disso, toda vez que eu toco a edição em vídeo, é a primeira coisa que me vem à lembrança, merecidamente! [Webinsider]

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No esplendor do 70 mm

Cinemas de rua: não há nada que se compare a eles!

 

Grandes musicais

A fase widescreen com som estereofônico da M-G-M

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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