Arquitetura de informação, que diabo é isso? (2)

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Como vimos, a arquitetura de informação (AI) deve ser encarada como um termo “guarda–chuva”, sob o qual coexistem várias outras auto–denominações de profissionais e de pesquisadores. O campo da AI está em seus estágios primários de definição e atualmente há debates para identificar qual deverá ser o seu escopo, no século 21.

Questiona–se se a Arquitetura de Informação deveria ser vista como somente um profissional (um indivíduo) ou como processo (caracterizado pelo esforço de colaboração de diversas pessoas e disciplinas).

Diferentes áreas de atuação podem contribuir para o sucesso da AI como processo: a psicologia, a ciência da computação, a educação, ciências cognitivas, design gráfico e desenho industrial, design instrucional, sociologia, antropologia, engenharia de software, modelagem e administração de dados, ergonomia e IHC , entre outras.

O arquiteto de informação deve se preparar para ser um profissional polivalente e pronto para o que der e vier. Ou seja, ele deve sacar muito de interação humano–computador (IHC), de análise de tarefas, de impacto organizacional e societal da tecnologia, de design, de sistemas, de testes com usuários (foto), de comunicação, de lógica, de pensamento crítico… Ufa, ninguém merece!

Sabe–se que o marketing também deve entrar na roda. Segundo os papas Rosenfeld e Morville, o marqueteiro seria treinado desde criancinha para comunicar mensagens corporativas com eficácia para diversas audiências, tanto externas (na internet), como internas às organizações (nas intranets).

Isso seria importante para garantir que as mensagens sejam forjadas em “estilo centrado no usuário” (no cliente), e não orientadas a siglas e jargões da burocracia da empresa (eca!), a organogramas departamentais (podre!), nem tampouco a aspectos obscuros da cultura das organizações – que provavelmente não interessam a ninguém, à exceção de um ou outro manda–chuva.

Bem, a essa altura já deu pra você imaginar que existe uma forte dimensão diplomática na arquitetura de informação. O ideal seria dar voz às necessidades informacionais (e nas tarefas) dos usuários, durante todo o processo de design e de desenvolvimento. Uma forma de fazer isso é trazer o usuário para dentro da equipe de trabalho, para participar da tomada de decisões e interagir com as interfaces em desenvolvimento, durante a aplicação de testes de usabilidade, que são registrados em vídeos. A tal “engenharia de usabilidade.

O único senão é que, às vezes, isso pode se tornar um angu de caroço. Por razões hierárquicas, presidentes e executivos das organizações revisam e aprovam as interfaces segundo seus critérios pessoais. E evidentemente não gostam de abrir mão dessa prerrogativa.

Isso quando não surge simplesmente uma ordem “de cima” para abrir com um baita pop–up o logotipo do Fome Zero, no meio da homepage! A sensibilidade quanto a aspectos políticos internos às organizações é importante e propicia a capacidade de gerenciar impactos sobre a arquitetura e sobre a usabilidade dos web sites.

O coitado do AI fica entre a cruz e a caldeirinha, mas ele deverá respirar fundo e ter a consciência de que este é o seu lado “Celso Amorim negociando a Alca” – ou seja, o indispensável viés de diplomata que todos precisamos ter um pouco. Ao arquiteto de informação caberá a nem sempre fácil (e quase sempre espinhosa) missão de “traduzir” as necessidades informacionais e os objetivos dos usuários para os clientes e para os demais membros da equipe.

Agora eu pergunto: como será que anda a compreensão da arquitetura de informação por aí? Será que, nas universidades, existe uma noção clara do que seria a AI? Entrevistamos dezenas de pessoas do meio acadêmico, docentes e estudantes da área de informática, de design, de comunicação e de administração. O resultado dessa enquete será mostrada no nosso próximo artigo. [Webinsider]

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Para referência:
AGNER, Luiz; SILVA, Fábio. Uma introdução à disciplina de Arquitetura de Informação: Conceitos e discussões, Anais do 2º Congresso Internacional de Pesquisa em Design. Rio de Janeiro: ANPED, outubro de 2003.

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Luiz Agner (luizagner@gmail.com) é doutorando em Design pela PUC-Rio e programador visual do IBGE

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Uma resposta

  1. É muito interessante quando culminamos informação com computação. Algo recheado seria o que teria mos com os tais sistemas de informação.
    Coitado é o nerd que se aventura nessa tentativa de sanar todos os problemas do mundo com a construção de uma aplicação social ou um CMS qualquer. Trabalho com desenvolvimento de sistemas há algum tempo, sempre tive o desenvolvimento ágil como foco nos projetos pos sei que quem tem que saber o que terá na aplicação é o usuário do mesmo e não o o cara da informática, pena o cara, na maioria das vezes, ter uma breve idéia do que não quer que o sistema faça. Analistas, projetistas, programadores, testers, gerentes e tudo mas o que tem por ae, pra que te quero. Espero que esse super-man não demore a sair do forno.!

    Att,

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