Briefing bem passado é o que sacode a criação

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Briefing que se preze tem que ter um objetivo secreto e surreal: atingir em cheio a dupla de criação. Com uma única flechada, mirando o coração; Ou, para os adeptos do tratamento de choque, com um tiro rápido e certeiro no meio da testa.

E não estou falando de tudo aquilo que a gente aprende na faculdade – objetivo, público–alvo, análise da concorrência, blá, blá, blá…Apenas constatando que alguém, anos–luz à frente de sua capacidade de criação, não terá o mínimo interesse nessa folha de papel repleta de informações indigestas.

Até hoje não conheci um diretor de arte ou um único redator que se desse ao trabalho de ler o que levei horas para extrair do cliente–pedra! Mesmo quando, vitoriosa, chego de uma reunião com um mísero copo de leite ou com o peso da vaca sagrada nas costas! Geralmente é assim: o atendimento passa a manhã traduzindo o desejo do cliente. Questionando, analisando, tentando entender cada detalhe. Anota tudo, não deixa escapar nem mesmo aquele fiozinho de expectativa em relação ao layout…

Enfim volta pra agência exausto: trânsito caótico, reunião cacete, buzina da vida, estômago pedindo socorro. Engole um sanduíche qualquer e, já pensando nos prazos obviamente apertados, senta–se à mesa para “redigir” o briefing. E vem a pergunta: redigir pra quem???

Já apostei o meu talão de cheques em branco, com todas as folhas assinadas, que a dupla não leria o briefing com a devida atenção. Resultado: veio um layout totalmente avesso ao briefing que foi redigido com todo o profissionalismo e cuidado. O talão voltou para minha bolsa intacto.

Eu já tentei muitas coisas. Só falta apelar para aquela performance sadomasoquista, o strip–tease da mulher barbada, que eu ainda guardo na manga. Briefings extremamente complexos, organizados por tópicos. Um fiasco. Ninguém teve paciência de chegar à décima linha sem antes me perguntar tudo o que já estava escrito entre a 11ª e a 48ª. Não funciona. Você simplesmente vira o Atendimento Oráculo e responde, compulsivamente, sem piscar os olhos. Um verdadeiro interrogatório.

Cheguei ao radicalismo de entregar um briefing em branco. Encarei o redator e, num impulso suicida, esmigalhei o papel, desafiando–o: é o anúncio de sempre, variação do mesmo tema – nem precisa de briefing, ô mané! O cara surtou, baixou a guarda ofendido. O atendimento teve a pachorra de estragar o showzinho à parte que ele adorava executar ao receber as “diretrizes” da campanha!

Sim, o atendimento precisa conquistar a criação. Não é isso o que fazemos diariamente com nossos clientes? Por que não aplicar a mesma técnica em nossos colegas de trabalho? Deixar o briefing bem passado, ou no mínimo, ao ponto. Não se preocupar apenas com o conteúdo das informações, mas em “como” passar essas informações.

Comigo, na porrada, não deu certo. Precisamos respeitar essas criaturas divinas, sensíveis e talentosas. Entender seus egos, despertar sua curiosidade a ponto de desviar os olhos do diretor de arte do Orkut ou o bom senso do redator, que procura alucinadamente seu nome na coluna de “gente que faz” do Meio e Mensagem ou do Caderno de Propaganda e Marketing.

Confesso que, ultimamente, o que rende melhor resultado é o briefing criativo. Um briefing até mesmo boca suja. Recheado com várias baixarias, ilustrado com piadas do nosso dia–a–dia, sacaneando as preferências inexplicáveis de alguns clientes e a afetação da dupla. Fiz um assim um dia, e para meu espanto foi aprovado pela dupla–dinâmica! Eles racharam o bico. Sinal que leram o briefing até o fim! Nada mais que outro anúncio, no mesmo formato de sempre, para a mesma revista de sempre, com o mesmo conteúdo de sempre…

Colocando bom humor nesta relação conturbada (atendimento x criação) o trabalho flui. Já basta o sufoco da manhã inteira que você passou com seu cliente, extremamente concentrado. Sentar, conversar, discutir a relação de mais um job. Ler o briefing, juntos. E se divertir, por que não? Deixar de tentar ser sério a todo instante. Levar você menos a sério que o trabalho, porque quem perde a capacidade de rir de si próprio é a mais infeliz das criaturas. E relaxar. Porque logo em seguida você terá que enfrentar todo o calvário da aprovação. Mas sobre isso a gente vai falar numa outra oportunidade. Preciso redigir outro briefing agora. [Webinsider]

Avatar de Elaine Xavier

<strong>Elaine Xavier</strong> (elaine@bbnbrasil.com.br) é executiva de contas da BBN Brasil Propaganda.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

10 respostas

  1. Gostaria de saber quais as perguntas mais frequentes feitas aos desings de interiores para reforma e decoração de um apt de 80m. Obrigada pela atenção e aguardo resposta.
    p.s/ moro com meu esposo, tenho uma filha e minha mae tb mora cmg.

  2. O problema do atendimento é que ele não sabe ser objetivo,quer dizer, até sabe “Tem o objetivo de se livrar o mais depressa possivel” da vaca que trásnas costas e repassar pra alguém(criação)sem nem ao menos(na maioria das vezes) ser claro e sucinto nas informações. Custava nada botar a vaca pra pastar enquanto fazia o briefing né?

  3. ô coleguinhas q coisa feia pedindo para os outros fazerem seus trabalhos,
    Eba eu adoro briga
    quero trabalhar em atedimento e já estou vendo que o bicho vai pegar

    bjs

  4. Preciso de um modelo de briefing para design de interiores ,( reforma de apartamento ) trabalho de faculdade. Onde pesquisar um modelo interessante?
    Agradeço muito se me ajudarem
    luiz

  5. Vejo que o duelo entre criação e atendimento é algo que jamais vai deixar de existir. Um vive reclamando do outro e volta e meia um ou outro tem razão. Eu sempre acho engraçado como que as vezes profissionais do atendimento subestimam a maturidade das profissionais de criação! Talvez seja pelo fato de existir aquela idealização do criativo ser aquele cara descoladão, malucão (e na verdade muita gente gosta de ser assim).

    Independente dessas coisas que não me interessam nem um pouco gostaria de comentar da importância de um briefing. Não precisa ser um livro, mas algo que seja compreensivo para quem vá ler. Vi vários casos em que tive que contar com minha clarividência para entender o que poderia criar pois o briefing estava em branco. Perguntas sobre o briefing podem e devem acontecer pois se engana quem pensa que só porque as informações estão escritas no briefing significa que não precisam tirar dúvidas: como se trata de um texto pode ter uma ou várias interpretações (considerem que existam casos e casos, por favor).

    Enfim, a batalha atendimento x criação continua como nunca, fazer o quê? é até divertido.

  6. Cara amiga de profissão, o bom briefing tem como objetivo o desenvolvimento de pessas bem mais acertivas quando é feito e lido por profissionais. Esse é o papel do atendimento e da dupla de criação. Mas pelo jeito vc trabalhou com pessoas amadoras. Ou se trabalha ainda procura outra agência, pois material mal feito queima vc d mais, por mais que vc não tenha feito ele, será vc quem irá apresentar.

  7. maravilha. os diretores de arte são assim mesmo. tem idéias maravilhosas, estupendas, mas que as vezes se esquecem que ela só existe para satisfazer uma necessidade do cliente, um objetivo de mercado, etc. uma pena.

    concordo que temos que entrar em sincronia com ele. a tática que uso com meu filho de 02 anos não vem funcionando muito bem. precisamos desenvolver mais.

    Halley: você acabou de perder a aposta. acho que alguém aqui vai ficar rica (ou não, a não ser que você seja um diretor de criaçao brilhante, com muito dinheiro).

  8. Pessoal,

    Estou fazendo um trabalho para faculdade e preciso de um modelo de Briefing de Criação, vcs poderiam me enviar algum. Preciso entregar no dia 04/04.

    Muito obrigada,

    Cris

  9. TExto horrivel, aposto o meu talão de cheque assinado e em branco, que você é frustada de não ter o dom da criação…
    que pena…criar não é para qualquer pessoa.
    Abraços

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *