Eu sou do tempo em que “conhecer gente” na internet, no sentido que faz sentido pros jovens, era coisa de nerd ou de louco. Hoje, de nerd e louco todo mundo tem um pouco. Pelo menos um perfil no orkut e uma conta de instant messenger, quem sabe um grupo no Yahoo! e, vai lá, um blog ou fotolog.
A vida social online é cada vez mais importante e consome grande parte do tempo destinado às nossas diversas relações. A vida online, contudo, não é lá das mais sociais, limitada pela imobilidade do PC, confinada às paredes do quarto.
O paradoxo acima só será verdade por pouco tempo, é claro. A popularização do celular revolucionou a comunicação nos últimos anos e recentemente virou veículo de mídia, computador portátil, tocador de MP3 e outras funções a mais. Entretanto, estranhamente, não embarcou nossa vida social online.
Salvo iniciativas aqui e ali, os serviços ditos online das operadoras ainda não abraçaram a vida social online. O celular pode libertar a pessoa pra viver a vida online na vida real e adiciona novos elementos a ela: instanteneidade e localização.
A vida social, ela própria, é móvel. Hoje, baladeiro que se preza quase nunca vai para um bar ou boate específico. A balada é uma constante busca pela “a boa”, onde grupos de amigos trocam informações via ligações e mensagens de texto, numa rede de festas, bares e boates interligadas por redes sociais não estruturadas munidas de telefones móveis.
Sobrepor redes sociais estruturadas (os orkuts da vida) a uma espécie de city guide ou “qualé a boa online” e colocar isso no celular me parece uma idéia óbvia. Saber onde está aquela gatinha do Orkut, ver as fotos da festa da faculdade – enquanto ainda dá tempo de chegar lá! – faz muito mais sentido do que a maioria dos serviços frios e pouco interativos que estão por aí e que focam nas pirotecnias do celular (vídeo, capacidade de tela) e não no que ele tem de melhor: conectividade, instanteneidade e mobilidade.
Trazer a vida online pro celular não precisa de tecnologias de última geração. Não é necessário um GPS nem mesmo as bizarras e complicadas triangulações de antenas para definir posição. O serviço dodgeball, “city guide móvel social” presente em diversas cidades dos EUA o faz só com SMS. O usuário chega num lugar e faz um “check–in”, mandando o texto @nomedolugar para o número do serviço. Se quiser, anexa uma foto ou comentário. Suas configurações pré–estabelecidas na web controlam o nível de privacidade de suas informações dentro da sua rede social. O cara procura um bar, vê quem está lá, lê os comentários, vê as fotos e corre pra lá, porque a menina que está animada e curte rock´n ´roll dos anos 70 é amiga da sua prima. O guerreiro virou nerd em busca da balada perfeita. [Webinsider]
Newton Fleury
<strong>Newton Fleury Filho</strong> (newtonfo@gmail.com) é jornalista e consultor em serviços de valor agregado para telefones celulares.
Uma resposta
Li o artigo e ainda estou pensando porque ainda nao integraram o serviço do orkut ao celular. Hoje eh possivel acessar atravez do celular, porem nao eh possivel, vamos dizer, interagir (enviar recador, participar de comunidades…). Acho que ja esta um pouco atrasado.