O dilema das organizações: mudar para continuar igual

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Que vivemos em tempos de grandes mudanças não chega a ser novidade. A questão que quero explorar nesse artigo é como esse ambiente em constante mutação acaba por afetar as organizações e pessoas que nela trabalham, bem como entender se é razoável esperar que uma organização e seus profissionais realmente sejam capazes de mudar.

Peter Drucker dizia que se uma organização deseja sobreviver no futuro ela deve deixar de lado tudo o que fez até agora. Ou seja, aquilo que funcionou no passado e trouxe a organização até onde ela está hoje não será o mesmo que permitirá a ela sobreviver no futuro e chegar ao próximo patamar.

A recomendação de Drucker faz sentido se analisarmos que o contexto no qual a organização estava inserida no passado dificilmente é semelhante ao atual, de forma que até certo ponto faz sentido seguir seu conselho.

Entretanto, será que isso realmente é possível? É possível para uma organização deixar tudo de lado para começar novamente do zero? Ou é apenas um exagero deliberado para chamar a atenção para essa questão?

Para Edgar Schein, psicólogo organizacional, a cultura de uma empresa (seus valores, políticas, crenças) vão sendo lapidados e reforçados todas as vezes em que a organização consegue atingir o sucesso. Por definição, se uma empresa ainda existe é porque em algum momento ela atingiu o sucesso, caso contrário teria deixado de existir. O problema é que, uma vez cristalizada a cultura organizacional, é impossível alterá-la sem antes desmanchar o grupo de pessoas impregnado por esses valores, crenças e opiniões formadas ao longo do tempo.

Isso nos leva a uma situação complicada: Drucker diz por um lado que é necessário deixar de lado tudo o que vinhamos fazendo, porém Schein diz que tudo o que vinhamos fazendo é justamente aquilo que funcionou até hoje e acabou por se cristalizar sob a forma da cultura organizacional, de forma que não pode ser alterado pelas mesmas pessoas que a criaram. Como resolver então esse problema?

No livro “Empresas de sucesso, pessoas infelizes?” o autor Clemente Nóbrega analisa que um dos maiores desafios das organizações é justamente fazer com que as pessoas que sucederão a geração atual de profissionais estejam preparados para enfrentar problemas diferentes dos que existem hoje.

Para Nóbrega, se futuros executivos estão passando pelas mesmas experiências que os atuais, eles estão desenvolvendo as mesmas qualidades e os mesmos defeitos (cultura, valores). Essa é uma das maiores dificuldades na gestão de pessoas: criar experiências relevantes para o futuro.

Ao que tudo indica a solução para esse problema está longe de ser óbvia. Para refletir, finalizo o texto com um pensamento do grande escritor e filósofo Eric Hoffer:

Em tempos de grandes mudanças, aqueles com a capacidade de aprender herdarão a terra, enquanto aqueles que já sabem tudo estarão preparados para um mundo que não existe mais.

[Webinsider]

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Luigui Moterani (@luiguimoterani) é especialista em gestão, inovação e marketing. Site: http://luiguimoterani.com.br//

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Uma resposta

  1. Gostei desse artigo. Mas creio que o que Schein diz não leva em connta as variáveis externas, isto está mais do que explicito! Atualmente todos os fatores e variáveis externos da empresa influenciam diretamente ela e muito mais do que Schein (possivelmente) prevê no que ele afirma. Não é porque tudo funcionou do jeito que sempre foi feito que deva continuar assim, pelo contrário, o ideal é quebrar paradigmas para evitar vicios e muita “clareza de espírito”. Aprender e renvoar – nunca é o bastante, senão nem humanos seríamos.

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