Tribos de brand e reposicionamento das marcas

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Há algum tempo me deparei com um artigo da Rede Gaúcha de Design sobre reposicionamento de marcas (de autoria de Delano Rodrigues), onde destaco o seguinte trecho:

“Quando uma marca vem a nossa mente, ela desperta um conjunto de vivências e experiências – positivas e negativas – capaz de determinar nossas escolhas de consumo. Ao consumarmos isso, estamos realizando a comunicação com nossas “tribos”, por conta da relação de igualdade estabelecida com um grupo determinado de pessoas. (..) as “tribos” as quais pertencemos são determinadas cada vez menos pela geografia, linhagem, raça ou religião. Para ele [Jean Kapferer], as “tribos” são amplamente definidas pela educação e pelas nossas manifestações a partir do que consumimos.”

É interessante pensar que nós somos tribos de tribos, de tribos… eu, por exemplo, gosto do Ubuntu, que é um sistema operacional livre fácil de usar. Meu tênis favorito é o Converse All Star e acho que o Mac não foi feito para mim. A primeira marca me coloca na tribo dos geeks, enquanto a segunda me insere na tribo dos pseudo-moderninhos e, por fim, a última marca confirma que eu não tenho dinheiro para comprar um Mac (risos).

Diferentemente do conceito original de tribo, que é pertencer a um determinado grupo, as Tribos de Brand colocam o sujeito em N grupos diferentes, formando misturas heterogênias (geek + mordeninhos, por exemplo.) e mostrando a todas as empresas algo fundamental que alguém sempre ignora: os consumidores não podem ser esteriotipados!

Chega desse negócio de homem/mulher, 20 a 30 anos, classe B é consumidor da marca X. Se a pessoa tem o recurso em mãos, ela vai e compra.

Por que é importante conhecer o seu público?

Na época em que eu fui professor de design para web, em um projeto social para jovens de baixa renda, meus queridos pupilos comentaram que as camisetas estavam caras e que só dava para comprar uma. Como eles ganhavam uma “bolsa estímulo” de R$ 150, fiquei espantado com o fato; afinal uma camiseta básica e boa não sai por mais de R$ 30.

Para arregalar ainda mais os meus olhos, descobri o preço da camiseta era por volta de R$ 80. Espere! Como que alguém que não tem dinheiro para ir para o curso, ao receber uma bolsa auxílio, gasta com uma camiseta tão cara? Será que alguém do setor de marketing dessa empresa de camisetas pensou que o seu consumidor, que recebia uma bolsa mensal de R$ 150, iria gastar mais da metade do seu dinheiro em uma camiseta? Olha só quantas oportunidades perdidas?

Complementando o meu artigo anterior, o conhecimento acerca de quem ronda e consome uma determinada marca deveria ser uns dos principais eixos em uma estratégia de gestão de marcas.

Pense comigo: será que se essa marca de camisetas reduzisse o seu preço, ela seria mais consumida? Ou seria banalizada como os produtos da região do Brás ou feiras populares? Cada marca precisa encontrar o seu nicho, estudando-o e o compreendendo a todo instante.

Não está na hora de revermos os nossos (pre)conceitos e fazer isso trabalhar para o bem de todos, seja ele a empresa, o consumidor e a comunidade? [Webinsider]

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Avatar de Fábio Sousa

Fábio Sousa (faso@marcamaria.com) é empresário, blogueiro e bonequeiro. Está a frente do .marcamaria, empresa de criação de personagens e brinquedos e mantém o blog/projeto social .mundesign.

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5 respostas

  1. Taí um artigo lúcido que mostra a realidade do mercado hoje – em contraste com as matérias de Marketing dadas nas Faculdades.

    Essa questão de produto para classe a e produto para classe B caiu por terra faz tempo, até nmesmo nos artigo de luxo, como perfumes caros, tênis da Nike e como você mesmo citou, camisetas.

    A renda aumentou, as condições de pagamento foram facilitadas…basta agora um consenso maior entre os Administradores e os Marketeiros pra coisa andar de vez.

  2. Olá Wendell,

    Tudo bom? Ainda é importante saber o que são essas classes e como utilizá-las, mas o que não podemos fazer é parar simplesmente por aí.

    Como você mesmo disse, o mercado criou novas condições de consumo, que possibilitam o acesso a mercadorias tidas antes como nicho.

    O principal exemplo desse movimento é o Ipod. Até o seu lançamento, um produto da marca Apple era para poucos, agora muitas pessoas podem adentrar no universo na marca da maçã, que com aquele player branquinho conseguiu conquistar mais adeptos para o seu microverso.

    Um grande abraço e obrigado pelo comentário,

    .faso

  3. Rodrigo: Tudo bom? Passei pelo mesmo problema quando iniciei o .mundesign. No começo, ele era para ser um relatório online de uma pesquisa que ainda estou desenvolvendo, que une branding design e aprimoramento de ensino infantil. Como a pesquisa é longa e demorada, precisei preencher a lacuna com algo que me interessasse e, de quebra, fosse útil para os outros.

    Foi com essa meia-medida que comecei a publicar conteúdo sobre paradigmas do design e tecnlogia, experimentos, dicas criativas e etc.. Acredito que com o tempo, o feeling, algumas pesquisas, comentários dos usuários e google analytics não ajude a dar um bom norte.

    Junior: Obrigado! Acho que se todos nós interagíssemos com os nosso consumidor, mesmo que o observando de longe, veríamos o quanto de informação e oportunidade eles podem nos proporcionar.

    Um grande abraço a todos,

    .faso

  4. Um caso aqui de Bauru, que é uma cidade com muitos universitários: um conhecido que é dono de um bar reclamava por quê em seu bar só apareciam tiozinhos e poucos universitários. E respondemos: cerveja cara. Ou seja, ele queria um bar mais fino, mas que atraísse estudantes que sobrevivem à base de miojo… complicado.

    Estive pensando bastante no público alvo do meu blog mais recente(www.peixefresco.net), mas é complicado pensar no público quando você não tem muitas bases para construir os seus parâmetros.

    Por isso mesmo, o meu público ainda é uma estimativa vaga… Aí optei por abrir um pouco mais o leque, e aos poucos ir descobrindo de verdade quem é meu público, não sei se é a opção mais adequada.

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