Montagem de filmes, o grande segredo do cinema

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A montagem pode salvar um filme. O segredo de bons filmes e roteiros está na sala de edição.

Bons filmes e bons roteiros precisam de uma montagem (edição dos planos) eficiente e correta. A montagem pode salvar um filme, anteriormente de má qualidade. O segredo está na sala de edição.

 

Na década de 1960, eu que nunca fui um estudante secundarista de boa qualidade (detestava ir ao colégio), recebi do meu pai um último presente: ele pagou a minha inscrição no curso básico de cinema, organizado pelo Cineclube Nelson Pompeia, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O curso funcionava à noite, no auditório do Colégio Sacré Coeur de Marie, na Rua Tonelero, Copacabana.

O curso foi ministrado por professores, alguns jornalistas, que ensinavam técnica, história, crítica, etc. Além deles, aparecia por lá um padre muito idoso, muito simpático, cujo nome eu não guardei, e que tinha uma longa vivência no cinema europeu, autor de expressões técnicas em português, anteriormente publicadas.

Uma das noções de técnica mais importantes dentre aquelas que nos foram ensinadas era a da montagem de um filme. A montagem consiste na edição dos planos que resultam das tomadas e sequências fotografadas com os atores. Na montagem, o editor decide a duração de cada plano, um processo chamado de minutagem. As sucessivas minutagens que são estabelecidas em uma sequência determinam o ritmo do filme.

Esse ritmo é importantíssimo para o estabelecimento de uma linguagem (narrativa) pretendida pelo roteirista. Grandes diretores, como Chaplin, Griffith, Hitchcock, Ford, Welles e muitos outros do mesmo quilate, mostraram como se faz cinema, e foram, por isso mesmo, copiados por quem estudou e depois começou a dirigir filmes. Até hoje, eu vejo com clareza as técnicas de narrativa desses diretores irem parar em filmes de diretores contemporâneos.

O meu professor de técnica dizia que “a montagem pode salvar um filme”, ou seja, se o roteiro não for de boa qualidade a edição por um profissional competente corrige os eventuais erros de narrativa.

Muitos diretores montam um quadro parecido com uma estória em quadrinhos, chamado de Storyboard. Esse processo de produção começou com Walt Disney, ao discutir o filme com seus animadores.

Abaixo de pode ver um storyboard fo filme Os Pássaros, dirigido por Alfred Hitchcock e lançado em 1963:

E Hitchcock, que nem sentava perto da câmera, desenhava ele mesmo os storyboards para a equipe de filmagem saber como fazer o filme.

A montagem e o ritmo imposto pelos filmes

A montagem é uma etapa de pós-produção, quer dizer, ela é feita depois que a filmagem termina. O ritmo da montagem beneficia ou estraga uma narrativa contida no storyboard e/ou no roteiro.

Filmes de suspense costumam diminuir o ritmo para aumentar o grau de ansiedade do público, que quer saber o que vai acontecer a seguir. Filmes de ação, ao contrário, aumentam o ritmo, de modo a dar uma ideia de agitação. Muitos dos filmes de ação modernos diminuem exageradamente a minutagem, e as tomadas, que duram 1 ou 2 segundos, ficam desnecessariamente confusas e pouco contribuem para a qualidade do filme.

Diretores medíocres se valem desta minutagem muito curta para enganar visualmente quem assiste o filme, encobrindo falhas flagrantes nas tomadas com dublês e elenco de apoio. A má visualização do filme se complica mais ainda quando se decide fotografar as cenas com a câmera balançando sem parar!

Durante a pós produção é possível que a montagem omita ou corte cenas, quando o diretor sente que a narrativa está prejudicada por informações visuais que não irão acrescentar nada importante ao desenrolar da estória. Quando, em uma fase posterior, o diretor se arrepende, ele ou ela se imbuem de um espírito revisionista, remontando o filme em uma versão, classificada por eles mesmos de “versão do diretor”.

Às vezes, esse revisionismo é perigoso, George Lucas que o diga, remontando Star Wars por completo, e gerando queixas incontáveis de fãs por causa disso!

Os métodos de montagem modernos não são mais feitos com película, e sim em ambiente digital, onde se pode trabalhar e/ou refazer cenas com muito mais conforto na edição. Claro que isso não faz o filme necessariamente melhor, porque todas as regras de montagem anteriormente estabelecidas continuam valendo, e precisam ser respeitadas.

Quem é cinéfilo e/ou conhece cinema percebe quando um filme não é bem montado. Isso implica e me dá convencimento de afirmar com segurança que é recomendável que um futuro diretor de cinema estude com cuidado a maneira correta de montar, antes de qualquer projeto novo.

Usuários finais que fazem filmes dentro de casa podem lançar mão de programas de edição de vídeo, muitos gratuitos inclusive, para qualquer nível de edição. Se fizer com cuidado, vai produzir um resultado bastante convincente. Depois disso, o usuário pode se candidatar a ser um técnico de edição, ou, quem sabe, diretor de cinema! [Webinsider]

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Cineastas em Hollywood que o tempo não irá esquecer

Um Corpo Que Cai, a obra prima de Hitchcock, em 4K e HDR

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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