E-commerce com colaboração gera mais negócios

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Andei experimentando comprar livros pelo site Estante Virtual.

Que aliás teve uma idéia espetacular: reunir sebos de todo o Brasil em uma base de dados única para pesquisa de preço e compra por interessados.

Uma mão na roda, se o site fosse um pouco mais afinado com os conceitos atuais da internet.

Vejamos.

Ao fechar a compra, após escolher um livro, você recebe automaticamente o nome, telefone e e-mail do livreiro e realiza toda a transação diretamente com este, que também recebe uma mensagem do seu pedido.

O sebo paga uma comissão ao site, segundo dizem, de 5%. Comprei, digamos, uns seis ou sete livros nos últimos dois meses.

O critério de pagamento não é padrão: varia de livreiro para livreiro.

Operam com bancos diferentes, geralmente Bradesco e Banco do Brasil e raramente com cartão de crédito. Se você não tem conta nos bancos escolhidas pelo livreiro, ou enfrenta a fila no banco ou faz DOC online (o Bradesco cobra R$ 8,00, por exemplo, quase, ou mais, o preço do frete do livro).

Na minha vida de comprador da Estante Virtual, dos sete livros comprados, tive pequenos problemas apenas com dois. A maioria acertou na mosca, enviando os livros sem problemas.

Muitos talvez tenham cobrado mais caro do que se tivesse ido à loja. E, como informa um usuário em mensagem no fórum do site: ?notei que estão cobrando (por um livro usado) até mais caro que o novo?.

Assim, é preciso pesquisar bastante e comparar com sites de livros novos, para evitar comprar gato por lebre. Em resumo, vale bem para quem quer livros raros e esgotados. E para boas ofertas, já que se compara preços de vários vendedores.

Entre os livreiros que me venderam e não me atenderam bem: um, confundiu meu telefone com o CEP e me mandou e-mail:

?Sugiro que, caso não chegue o livro, que o procure numa agência próxima da sua casa?. Depois que reclamei de estarem transferindo o problema que era deles para mim, o consumidor, me prometeram enviar outro exemplar, o que foi bem legal.

O outro, depois de me enviar por e-mail duas contas de poupança, que não permitem depósito pela internet, me indicou, por fim, uma conta corrente, para depósito em uma agência do Unibanco, que continha zeros demais.

O dinheiro, ainda bem, voltou para minha conta, mas perdi os R$ 8,00 do DOC. Cancelei a compra e engoli o micro-prejuízo.

Ou seja, não há regularidade de atendimento e aí está o calcanhar de Aquiles da Estante Virtual: não podemos selecionar os melhores livreiros, a partir da avaliação de outros compradores.

O site se limita a cadastrar e deixar pesquisar na base de dados, o que já está um tanto superado na atual fase da rede colaborativa.

A meu ver, não existe, assim, mais a possibilidade de site de venda na rede que não permita toda a comunidade (quem compra ou vende) verificar quem-é-quem do outro lado.

Para assim, desenvolver uma boa reputação, um bom ?carma? (como chamam por aí) para que cada um seja avaliado pela comunidade para a qual oferecem serviços e produtos.

Nem livreiros nem compradores vão querer se expor se a cada ação for avaliado pelo outro.

Só dessa forma – e o que é melhor: sem custo de manutenção para o site organizador – é possível separar o joio do trigo. É bom para todos, quem organiza, quem compra e quem vende.

Sim, é preciso desenvolver a ferramenta colaborativa. Mas feito isso, o resto é deixar a comunidade se auto-organizar. Se não há dinheiro para tanto, que tal chamar os livreiros para entrarem com recurso e até serem sócios do projeto?

(Um exemplo nessa linha foi feito pela Ingresso.com, que convocou os donos de cinema para entrarem de sócio no negócio e está aí como a principal empresa de venda de bilhetes na rede.)

Negócios à parte, o melhor modelo de venda de usados me parece ainda o Mercado Livre, que uso também com freqüência.

Comprei, por exemplo um controle antigo de videogame para meus filhos, que não tem mais para vender nas lojas tradicionais.

O primeiro que veio estava com defeito. O vendedor fez questão de me devolver o dinheiro, pois estava preocupado com a avaliação que faria dele no site, pois o histórico está lá para quem quiser ver.

Existe lá a possibilidade de fraude, de cano, de problemas no Mercado Livre? Sim, mas isso é ? ou deveria – ser punido fortemente pela comunidade e pelo próprio site em alguns casos.

(Não é raro encontrar que fulano e beltrano foram expulsos do Mercado Livre por ações dolosas.)

Quanto maior e positivo o histórico, mais confiança se tem na transação de ambos os lados. Não é à toa que hoje os cheques vêm com a data da abertura de conta, algo similar a esse conceito.

Talvez ainda haja muito a melhorar, mas em termos conceituais o Mercado Livre está em um patamar na evolução da sociedade em rede e a Estante Virtual em outro, bem abaixo.

Para agravar ainda mais a situação, além da falta de ferramenta adequada, faltam aos empreendedores do site conceitos básicos de como o espaço livre e democrático da rede funciona.

Ao ter problemas com um livreiro e com o conceito exposto aqui sobre o próprio projeto, postei duas mensagens no fórum do site.

Recebi logo depois um e-mail de outro usuário da Estante Virtual, que me alertou: ?Vão te censurar!?.

Não acreditei.

Mas, dito e feito: dois dias depois minhas duas mensagens foram deletadas e recebi o seguinte e-mail do suporte da Estante Virtual:

Prezado Carlos,

A Estante Virtual busca sempre intervir da melhor maneira para garantir tanto aos sebos quanto aos clientes a satisfação nas transações realizadas através do portal. Se houve algum incidente que você queira relatar e resolver, o melhor caminho é escrever para o suporte.

Posts como esse apenas geram discussões com donos de sebo e desacreditam o serviço aqui prestado. Pedimos, mais uma vez, que por favor não envie suas reclamações e sugestões para o Fórum (grifo meu), e sim para o suporte.

Qualquer dúvida, estamos aqui.

Veja o que diz, contraditoriamente, o cabeçalho do fórum:

Fórum
O objetivo deste fórum é permitir a livre troca de informações e experiências entre toda a comunidade de participantes da Estante Virtual (grifo meu), com referência ao portal ou mesmo à ampla gama de questões relacionadas à cultura. Você pode participar criando um novo tópico ou também respondendo os tópicos já iniciados. Para perguntas direcionadas diretamente à equipe da Estante Virtual, utilize porém preferencialmente o formulário de contato.

Não é verdade o que dizem ali, não é livre.

E não é dito também que experiências negativas serão deletadas.

É fundamental, assim, que a Estante Virtual ? da qual sou usuário e apoio a iniciativa – reveja o conceito do espaço democrático que a internet permite e ? de certa forma ? exige.

E, além da busca, ofereça a possibilidade da comunidade atestar a honestidade e qualidade dos serviços de cada livreiro. E estes dos usuários, o que agregaria um valor enorme ao atual serviço.

Como até sugere um dos livreiros, em mensagem no Fórum, no dia 16/12:

Boa noite a todos! Tenho observado nos últimos meses um aumento no número de pedidos cancelados. Na verdade, somente uma minoria solicita cancelamento… ele se dá porque o cliente sequer responde aos e-mails e aí acabo cancelando. Gostaria de sugerir à EV que pudéssemos ter acesso a um histórico do cliente, tipo: quantas compras já efetivou e quantos cancelamentos. Acho que isto inibiria um pouco aqueles clientes que fazem o pedido e não dão qualquer retorno ao livreiro.

E que compreendam que na rede quanto mais se troca informação usuário-usuário-vendedor-vendedor etc, quanto mais se abre espaço para a participação de todos e quanto mais se utiliza estas informações para melhorar o serviço, melhor e mais povoado fica o projeto, gerando, obviamente, mais negócios.

Torço por mudanças! [Webinsider]

.

Carlos Nepomuceno: Entender para agir, capacitar para inovar! Pesquisa, conteúdo, capacitação, futuro, inovação, estratégia.

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on pocket

Mais lidas

3 respostas

  1. Nada mais do que a criação de uma concorrência e a liberdade de escolha do cidadão para definir o rumo das coisas! Por isso, criamos a Companhia dos Sebos, cujo site é http://ciadossebos.com.br, que mantém uma política de comercialização transparente e uma parceria verdadeira com os sebos. O problema não é utilizar esta ou aquela forma de pagamento, este ou aquele meio de entrega, esta ou aquela forma de cobrança. Tudo se resume na intenção de se construir um portal para reunir compradores e vendedores. Uns visam o lucro, outros visam a cultura. Ficamos com este último, pois não há maior riqueza do que esta. Somente o tempo para definir o rumo dessa da EV. Quem viver, verá!

  2. Carlos,
    Minha sugestão é que não só a Estante Virtual, mas os parceiros dele, usem o PagSeguro.
    Todos meios de pagamento, garantia de entrega ou bloqueio do pagamento, enfim, tudo para aumentar credibilidade e confiança na compra.
    Um forte abraço
    Dennis Ferreira
    PagSeguro

  3. Muito boa a reportagem.

    Eu já conhecia o site da EV, mas não sou usuário, pois prefiro a leitura online. Apesar de ler livros atuais, como O mundo é plano, A cauda é longa. Conhecia pois estou envolvido com outras pessoas na construção de um sebo online totalmente diferente do que se observa por ai.

    Estou, sim, engajado em um projeto que se insere perfeitamente no contexto. Reunirá o maior número de farmácias de manipulação, possibilitando assim, a devida comodidade para os usuários, ora pacientes, a cotarem os preços e comprarem os remédios ou produtos manipulados que precisam.

    Utilizarei a reportagem para me atentar ao máximo as dicas dadas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *