Vantagens e desvantagens das interfaces móveis nos carros de hoje

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Para usar Android Auto ou Apple CarPlay é preciso ter no veículo uma central compatível com essas interfaces. Porém, o uso de ambas ainda está recheado de percalços, que precisam, em algum momento, ser corrigidos.

 

Vejo agora que em 2017 eu escrevi um texto para o Webinsider falando sobre o uso de programas com aplicações de navegação e mapa de radares. Mas, de anos para cá tudo mudou, com a introdução de interfaces operacionais, que permitem rodar mapas, principalmente, nas telas das centrais multimídias mais modernas.

Essas interfaces acabaram se tornando um meio mais prático de rodar programas de navegação, essenciais não só para taxistas ou motoristas de aplicativos, mas para qualquer um que se dirige a um lugar de localização desconhecida.

A maioria dos carros dotados de centrais deste tipo aceitam as interfaces criadas pelo Google (Android Auto) e pela Apple (Apple CarPlay). Eu nunca rodei este último, mas noto que a tela em si não é tão diferente da tela do concorrente. Para usá-las, é preciso ter um celular Android ou Apple, conectados com fio ou sem fio na central do carro.

E, se por um lado as duas interfaces são úteis, elas também impõem algumas restrições que fazem parte de uma provável estratégia de controle sobre direitos. A lista de aplicativos instalados no celular do usuário e que podem ser usados diretamente na interface das centrais varia de acordo com estas restrições. As listas podem ser vistas quando a interface começa a rodar na central. Se o aplicativo pretendido não está lá, é porque os desenvolvedores não tiveram permissão de uso direto nas interfaces.

Anos atrás, eu comprei o Radarbot, excelente aplicativo para detectar radar, na sua versão Pro, partindo do pressuposto de que ele rodaria no ambiente do Android Auto, conforme foi, na época, anunciado pelos seus desenvolvedores. Mas, o aplicativo nunca apareceu naquela lista da tela da interface. Felizmente, eu pude rodar o Radarbot no celular, simultaneamente ao Android Auto, disposto na tela da central. Isso, por outro lado, me obrigou a manter o celular à vista, dentro do veículo.

Idealmente, eu deveria ter uma notificação de radar na tela da central, e assim deixar de usar o celular só por causa disso, mas o Radarbot não tem a licença do Google que permitiria que tal fosse possível.

O mesmo se aplica, aparentemente, ao Apple CarPlay, restringindo o uso da sua tela somente aos aplicativos permitidos pela Apple.

Em 2020, a Volkswagen lançou, em plena pandemia, e com um notório estardalhaço, uma central com um software desenvolvido no Brasil, com o nome de VW Play, prometendo acabar com as restrições de exposição na tela da central de vários aplicativos do telefone do usuário.

A inovação foi interessante, mas ao que tudo indica, com os mesmos problemas do Android Auto e do Apple CarPlay. Eu não sou usuário deste sistema, mas entendo que o usuário vai ter que escolher o que fazer. Outros fabricantes montam centrais com sistemas semelhantes ao VW Play, mas também com algumas limitações.

Existem por aí no mercado pilhas de centrais alternativas sem qualquer limitação. Estas centrais são constantemente expostas na Internet, e eu noto que apenas alguns dos seus apresentadores ressaltam que essas centrais são preferencialmente destinadas aos carros desprovidos de Android Auto ou CarPlay. Além disso, algumas limitações fazem sentido, como, por exemplo, não rodar YouTube dentro do carro.

Realmente, não faz também sentido instalar uma central alternativa em um carro já equipado com as centrais da Apple e do Android. Os dois aplicativos mais usados para navegação são o Google Maps e o Waze (preferido dos taxistas), e eles rodam em ambas as interfaces.

É uma pena que nem Google Maps nem Waze são eficientes na detecção de radar, eu diria até, de certa forma, decepcionantes. O Maps emite um sinal, mostra o radar muito mal no mapa e não diz que radar é aquele. O Waze mostra o radar, mas não diz o limite de velocidade. Não só o Radarbot, mas outros aplicativos, inclusive gratuitos, cumprem ambas as funções: avisam o radar e informam de que tipo é ele. Assim, torna-se indispensável ter esses aplicativos rodando em paralelo com Android Auto e CarPlay.

O drama dos suportes

Com a necessidade de se manter um telefone celular visível dentro do carro, na maioria das vezes é preciso instalar um suporte to tipo veicular. Existem centenas de modelos disponíveis, mas cada um deles encontra algum tipo de obstáculo e/ou não são capazes de manter o celular seguro durante o trajeto percorrido.

Eu venho usando há muitos anos um suporte da Multilaser, modelo CP118S, com haste sólida, ao invés de flexível. A fixação é por ventosa, e neste aspecto funciona muito bem em superfícies planas, como os vidros do carro. A fixação do celular é por braços, os quais, senão bem apertados, deixam o celular cair fora do suporte, com risco de dano físico.

Como as ventosas envelhecem, eu resolvi trocar o CP118S por outro modelo da Multilaser, modelo AC178, que trabalha com garras, para prender o celular. Também neste modelo a fixação é por ventosa e a haste de fixação é sólida.

No início, me pareceu que o uso de garras seria mais prático e mais seguro, e, de fato, na instalação eu achei que estava exatamente do jeito que eu queria. Mas, logo ao sair de casa o bendito celular tremia tanto, que o LED do flash acendeu. E não houve jeito de contornar isso, me obrigando a voltar a usar o antigo suporte. Em contato com a revenda parceira do site, o vendedor imediatamente aceitou a devolução do suporte, e seria bem possível que outros compradores já tivessem se queixado a este respeito.

É muito fácil achar queixas de usuários finais sobre a qualidade dos suportes, nos vídeos da Internet, bem como vendedores que se dizem analistas, mas que estão tentando convencer os usuários que o produto que eles mostram é o melhor e tem excelente relação custo/benefício. Só que as queixas nos sites de compras proliferam sem controle, porque são relatos de pessoas que já usaram o suporte e tiveram uma experiência ruim com eles.

Uma dessas queixas que me impressionou foi a dos suporte com placa magnética. Visualmente, parece um suporte fácil de usar, com garantia de sustentação e segurança que os outros suportes não tem. Porém, ao colar uma placa metálica no celular, algumas de suas funções são perdidas, como a do GPS, essencial para o motorista. Pior ainda, é o relato de usuários que afirmam que, depois de usar o suporte magnético, o celular deu defeito irreversível, ou seja, a eletrônica interna foi literalmente para o brejo!

Conclusões

Falta muito para se ter conforto ao dirigir um veículo no dia-a-dia atual, cujos mapas de trajeto mudam rotineiramente, e radares com limites de velocidade instalados para que a administração pública arrecade mais dinheiro, a chamada “indústria da multa”.

Por outro lado, as interfaces, que alguns rotulam erradamente de sistemas operacionais, também precisam de inúmeras correções. Eu só posso falar do Android Auto, mas algo parecido deve afligir a interface da Apple. No Android, os bugs (erros de programação) são facilmente constatáveis durante o seu uso. O sistema não é aberto e às vezes entra em conflito com as centrais dos carros.

O valor do uso do celular para navegar e se livrar das multas é indiscutível, mesmo nas centrais que entram direto na Internet. De onde se conclui que tudo ligado ao telefone tem que ser corrigido e principalmente aperfeiçoado.

Infelizmente, no caso do Android Auto, não é bem isso que vem acontecendo. As últimas versões impediram o uso dele na tela dos celulares. O usuário nem nota que ele foi instalado como parte integrante do Android, poque o widget que anuncia o Android Auto só aparece agora na tela da central do veículo.

Esta modificação teria sido feita porque o Google não gostou das modificações introduzidas por hackers no Android Auto, de maneira que a interface permitisse rodar aplicativos não autorizados.

Em outras palavras, como sempre quem paga as contas é o usuário final, principalmente aqueles que instalam e muitas vezes pagam para usar aplicativos de navegação ou de detecção de radares.

Muita gente acha que Android Auto e Apple CarPlay rodam nas centrais como espelhamento do celular. Porém, “espelhamento” pressupõe rodar qualquer coisa do celular em outro dispositivo, e não é isso que acontece. Essas duas interfaces são apenas softwares de comunicação, capazes de identificar se a central onde o telefone está conectado é compatível ou não. Se o veículo é previsto como compatível e o telefone não é reconhecido, o usuário deve recorrer ao fabricante, que tem obrigação de resolver isso, analisando o problema e atualizando a central. [Webinsider]

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Mudanças importantes nas centrais multimídia dos carros

O uso de aplicativos na condução de veículos automotivos

Colocando um tablet no carro

Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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