Jackpot, o apocalipse lento e gradual segundo William Gibson

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O livro Periféricos imagina um século XXII em que um poderosíssimo computador quântico, que estaria localizado na China, permitiu a criação de “pontes” de comunicação com o passado em tempo real.

Jackpot é o termo que o escritor criou para a crise que hoje ronda a civilização.

 

O escritor americano William Gibson se tornou célebre nos anos 1980 ao popularizar o termo “cyberpace”, em sua trilogia Neuromancer. Agora, Gibson criou um novo termo para definir a mega-crise que ronda a civilização humana: “Jackpot”.

A expressão aparece no romance “The Peripheral”, de 2014. O livro imagina um século XXII em que um poderosíssimo computador quântico, que estaria localizado na China, permitiu a criação de “pontes” de comunicação com o passado em tempo real.

No romance, personagens que vivem na Londres do século XXII – uma cidade comandada por cleptocratas fenomenalmente ricos e guildas misteriosas – interagem em um “stub” (um fragmento do passado) com pessoas que vivem em uma cidade do interior dos EUA em meados do século XXI, cuja economia baseia-se principalmente na fabricação, ou “construção”, de drogas ilícitas com impressoras 3D.

A interferência dos agentes do futuro, que inclui ganhar na loteria e manipular as bolsas internacionais, leva a uma transformação rápida e radical dos destinos dos personagens do “stub”, o que pode ajudá-los a evitar, pelo menos em sua linha do tempo, o lento apocalipse chamado ironicamente de “Jackpot” (em inglês, a palavra é usada quando se ganha num jogo ou máquina caça-níqueis).

Como explica Wilf Netherton do século XXII a Flynne Fisher do século XXI, o Jackpot não foi uma “coisa”, uma simples catástrofe. O Jackpot é um processo multicausal, sem começo específico e sem fim. Mais uma situação do que um evento, diferente das histórias de ficção sobre o apocalipse. Desencadeado principalmente pelas alterações climáticas, o Jackpot é resumido pelo personagem Netherton:

“…nada que você possa realmente chamar de guerra nuclear. Apenas todo o resto, emaranhado e catalisado por mudanças climáticas: secas, escassez de água, quebras de safras, abelhas desaparecendo totalmente, colapso de outras espécies-chave, extinção de todos os principais predadores, antibióticos fazendo ainda menos efeito do que já faziam, epidemias que não chegaram a ser exatamente a Grande Pandemia, mas grandes o suficiente para serem eventos históricos em si.”

Agency é um livro de ficção científica fortemente influenciado por eventos que ocorrem hoje

Spoiler: No processo do Jackpot, bilhões de pessoas morrem. A Terra do século XXII tem pouquíssimos humanos.

Serviço:

The Peripheral (em inglês)

Agency (em inglês)

(Obs: “The Peripheral” foi adaptado em uma série da Amazon, mas o programa de TV é muito diferente do livro).

 

No livro Agency, Verity Jane aceita um emprego como beta tester de um novo produto: um assistente digital acessado através de um par de óculos de aparência comum. “Eunice”, a IA surpreendentemente humana nos óculos, manifesta um rosto, um passado fragmentado e uma compreensão de estratégia de combate. Percebendo que seus novos empregadores enigmáticos ainda não sabem o quão poderosa e valiosa Eunice é, Verity instintivamente decide que é melhor que eles não saibam.

 

 

[Webinsider]

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Sergio Kulpas (sergiokulpas@gmail.com) é jornalista e escritor.

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