Lembranças da Nouvelle Vague francesa: Claude Lelouch e Francis Lai

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A Nouvelle Vague francesa não foi só de filmes complexos. Entre os amenos estão Um Homem e Uma Mulher e Viver Por Viver, de Claude Lelouch.

A Nouvelle Vague francesa não foi só de filmes complexos; entre os temas amenos estão Um Homem e Uma Mulher e Viver Por Viver, ambos filmes de Claude Lelouch, com trilhas de Francis Lai.

 

A Nouvelle Vague (ou “Nova Onda”, se quiserem) foi um forte atrativo para os adolescentes da minha geração, e na onda (sem trocadilho) das cinematecas e dos cinemas de arte disponíveis a maioria de nós saía à cata de novidades.

Mesmo com a exibição concentrada nas salas de arte, vários desses filmes foram exibidos em circuito comercial, dois deles eu guardo na lembrança com muito carinho: Um Homem e Uma Mulher (no Cinema Veneza) e Viver Por Viver (no Cinema Madrid), no Rio deJaneiro, ambos realizados pelo cineasta Claude Lelouch, com música inspirada do compositor Francis Lai.

Morando fora, eu tive a chance de comprar um CD francês com essas duas trilhas:

Um Homem e Uma Mulher fez grande sucesso naquele momento. Eu fui assistir o filme com um amigo de infância e encontramos o cinema superlotado. A música tema foi também muito badalada na mídia e em vinhetas das TVs.

O CD apresenta as duas trilhas, no velho e bom Mono, sem nenhuma tentativa de remixar como falso estéreo. Eu tive anos antes o elepê de Viver Por Viver, onde se notava algumas distorções de captura de certos instrumentos. O elepê foi vendido como estéreo, coisa que ele nunca foi, e sim mono encarcerado em dois canais.

O som do CD é um pouco melhor, mas não muito. Na trilha de Um Homem e Uma Mulher, Lai presta uma espécie de tributo aos músicos e compositores da Bossa Nova, na canção Samba Saravah, de Vinicius e Baden, com adaptação em francês por Pierre Barouh.

Francis Lai ganhou prestígio internacional, e posteriormente foi premiado com um Oscar, pela trilha do melodrama Love Story (no Brasil, Uma História de Amor), além de outros prêmios.

O contexto cinematográfico da Nova Onda

É digno de nota que os então jovens cineastas franceses desejavam explorar a mídia para documentar o mundo que os cercava. A propósito, tentou se fazer o mesmo no movimento do Cinema Novo.

A ideia básica deste tipo de cinema é discutir as várias facetas da sociedade francesa e o comportamento contraditório do dito ser humano. As observações dos cineastas têm óticas políticas à esquerda e à direita, mas isso pouco importa, porque a liberdade de expressão sempre teve prioridade.

E vou mais além: nunca houve, que eu me lembre, qualquer restrição ou repúdio ao cinema americano, prevalente comercialmente no mundo todo. Pelo contrário, basta ver os filmes de Jacques Demy, tipo Les Parapluies de Cherbourg, com trilhas magistrais de Michel Legrand.

O maior diferencial entre os cineastas franceses (e europeus, de uma maneira mais ampla) e os americanos foi o chamado “cinema de autor”, no qual os roteiros expressam a visão do cineasta do mundo, além de não se prenderem no eventual sucesso comercial do filme realizado.

Claude Lelouch tinha hábito de, ele mesmo, se munir de uma câmera na mão e filmar seus roteiros. Com isso, mostrava a sua intenção de procurar fazer um filme dentro da realidade com a qual ele enxergava as suas estórias e seus personagens.

Francis Lai, aparentemente, era um compositor essencialmente romântico e possivelmente sonhador. Alguns de seus temas são simples, diretos, mas cercados de beleza, como aquele de Um Homem e Uma Mulher, onde ele usa uma vocalização moderna.

Eu dei sorte de achar o CD dessas duas trilhas. O disco fora importado da França, pela loja da Virgin, na época recém inaugurada, com dois andares de puro prazer para colecionadores. [Webinsider]

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Paulo Roberto Elias é professor e pesquisador em ciências da saúde, Mestre em Ciência (M.Sc.) pelo Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da UFRJ, e Ph.D. em Bioquímica, pela Cardiff University, no Reino Unido.

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