FOMO: com tantas tecnologias surgindo é preciso calma e curadoria

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FOMO quer dizer a insegurança de ficar por fora. Mas como acompanhar tantas novidades que chegam a uma velocidade estonteante?

FOMO quer dizer a insegurança de ficar por fora. Mas como acompanhar tantas novidades que chegam a uma velocidade estonteante?

*Por Rui Piranda, sócio-fundador da agência ForALL

Acompanhar grandes eventos como foi o SXSW 2024 também significa embarcar em uma curadoria profunda. Afinal, foram mais de 450 palestras, divididas em 24 grandes temas, além de 240 shows e cerca de 150 filmes ao longo de nove dias. E tudo acontecendo simultaneamente.

Quem esteve por lá, com sorte, conseguiu espaço para presenciar a tão esperada palestra da futurista Amy Webb, mas, provavelmente, não deu tempo de acompanhar outro tema que tinha achado interessante. E não tem problema: alguém já fez um post, uma newsletter ou um artigo para a imprensa a respeito. Em alguns casos, tem até o vídeo no YouTube ou a gravação do áudio pelo site. Então, por que nos sentimos tão culpados por perder algo? Por que nos cobramos como se estivéssemos em uma realidade como o filme “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”?

Tem uma sigla famosa que costuma ser aplicada nessa situação: FOMO, que significa medo de ficar de fora (fear of missing out). Mas, diante de um cenário cada vez mais tecnológico, você consegue vivenciar coisas sem ter a presença física. A questão é que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo, e você tem de ser o curador de si. É aí que a tecnologia nos permite tudo, em teoria, tanto para quem acompanhou o evento presencialmente quanto para quem ficou de fora.

Todo mundo fala da IA, mas quem é que faz a curadoria dela? Na realidade, como usamos as inovações, apenas depende de nós.

Há inúmeras inovações bem-vindas. Mas, como em outras temporadas de Austin, tudo precisa passar por um controle: temos carros que voam? Temos, mas não temos legislação para isso. Temos sistemas que podem manter (para sempre) nossa memória e atitudes? Temos! Mas podemos deixar nossa herança para este sistema que somos nós e eternizar nossas decisões? Não!

E agora me deparei com a tecnologia da Apple que consegue antecipar nossas atitudes. Como? Analisando a dilatação ou contração de nossas pupilas (que denunciam o que vamos fazer antes de nosso cérebro e corpo realizarem). Penso em inúmeros aprendizados e autoconhecimentos possíveis. Mas… o que as empresas e o governo poderão fazer com isso? Também me impressionei com a fusão crescente do digital com o biológico. O que traz uma produção ou capacitação de nossas células para combater doenças e futuros inimigos físicos. Mas quem vai dominar essa informação tão pessoal?

Amy Webb nos anima, mas nos assusta ao mesmo tempo. Falando do que a tecnologia pode fazer por nós, como conexão, saúde, economia, esporte… tudo pode crescer. Ou não. Depende, como já falei anteriormente, de quem e como está se apropriando da tecnologia. Muito se falou do desgoverno ou governança para toda essa informação.

E sabe o que me surpreendeu (ou talvez nem tanto)?  O desgoverno acontece mais nos EUA devido ao forte lobby das big techs. Na Europa, há um cuidado maior com o impacto da tecnologia na vida e na autonomia das pessoas. No Brasil, talvez ainda precisemos colocar o assunto mais em pauta.

Disse tudo isso para dizer algo que não sai da minha mente o tempo todo: promova uma discussão saudável sobre o que sua marca pensa a respeito dessas novas tecnologias. O que de bom ela vai se apropriar? E o que evitará para não invadir ou transgredir. Assuma este papel-chave diante de sua comunidade.

Creio que, na realidade, é muito mais sobre saber onde colocar os seus pesos, em vez de tentar abraçar o mundo. É claro que não dá para ficar para trás, mas marcas fortes se consolidam por meio de um posicionamento que independe da visibilidade passageira proporcionada pela tendência.

O branding envolve a construção de uma narrativa coerente, que enraiza valores e estabelece uma conexão profunda e emocional com o seu público. Essa abordagem estratégica garante que a empresa consiga se diferenciar em meio a um mercado saturado de opções. Ao mesmo tempo que a gestão da marca é um processo contínuo, só tem sucesso quando se comprova na percepção do consumidor.

Mas claro que isso não significa que a marca possa garantir sua presença no mercado apenas com uma identidade bem estruturada. É uma espécie de intersecção entre branding e inovação, para manter sua relevância a longo prazo. O grande diferencial está em alinhar as tendências e inovações conforme o que mais faz sentido para o posicionamento da sua marca. E, com isso, evoluir.

Mais do que apenas fazer uma campanha publicitária que siga uma trend com repercussão por algumas horas, certifique-se de que o conteúdo também reforça o propósito da sua marca. É a tal da coerência que sempre prezamos.

Use a tecnologia a seu favor nesse processo: peça ajuda ao ChatGPT ou ao Copilot. Foi o que eu fiz, já que este ano não consegui estar presente em Austin. Mas o remoto foi muito intenso. Experimente. Vai se aprofundando no que interessa a você e à sua marca. E você verá que a informação virá de pessoas que estão cobrindo pessoalmente essas novidades, fornecendo os insumos para essa curadoria. Inclusive, agradeço a todos os envolvidos por tirarem um pouco do meu FOMO.

Continuarei, então, acompanhando as repercussões das tendências e fazendo a minha curadoria. E, quando necessário, nada melhor do que abraçar uma resposta contracultural da felicidade de ficar de fora (JOMO). [Webinsider]

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A inteligência artificial me assusta e me sinto obsoleto

Vicente Tardin (vtardin@webinsider.com.br) é jornalista e criador do Webinsider. É editor experiente, consultor de conteúdo e especialista em gestão de conteúdo para portais e projetos online.

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